domingo, 28 de setembro de 2014

O besta e o sabido




O besta e o sabido

Meu pai é um homem simples, mas um grande observador. Lembro-me de algumas conversas que tivemos na cozinha, em que ele brilhantemente formulava teses dignas de um doutorado, doutorado da vida.
Entre as muitas teses por ele defendidas, existia uma que causava extrema agitação e discórdia por parte de minha mãe. Nesta tese meu pai enfatizava que na vida o “mala” só existe porque tem um “bobo” para dar subsídio. Nas palavras dele:
“Olhe, para cada “mala” existe um besta esperando para ser passado para trás. Não adianta recriminar o “mala”, o besta é o culpado por permitir que o sabido o passe para trás. No momento que o mala faz uma sacanagem com o besta e este não fecha a porta da sua vida, ele está permitindo que o mala entre novamente e que faça tudo outra vez.”
Do jeito dele, meu pai traduzia em poucas palavras o que vivemos diariamente, permitimos que os “malas” invadam a nossa vida e nos façam de babacas, e o pior, deixamos a porta aberta para que eles entrem e façam tudo novamente, novamente e novamente...
Esta sequência sem fim de sacanagens acontece com muita frequência e pasmem, geralmente o “mala” é uma pessoa próxima e que por esta proximidade conhece nossas fraquezas, fazendo bom uso delas ao seu favor.
O mala tem várias faces...
O mala é aquele vizinho sacana que se aproveita da impunidade das leis do nosso país para fazer valer o seu gosto musical duvidoso em ALTO e péssimo som.
O mala é aquele pilantra da família que só aparece quando quer um “favorzinho”, esta praga familiar passa meses sem dar notícias e quando aparece, pode ter certeza de que é para se favorecer e se tiver a oportunidade de fazer o mal, ele não hesitará.
O mala também é aquele colega de trabalho que faz de tudo para roubar a cena e se possível te deixar mal na fita.
O mala está em todos os lugares, ele sempre vai achar uma brecha para ferrar com a vida de quem permite.
Ser passado para trás uma vez é péssimo, mas geralmente inevitável. Agora ser passado para trás VÁRIAS vezes e pelo mesmo “mala” é realmente burrice!
A questão não é ser enganado, mas ser enganado VÁRIAS vezes pela mesma pessoa!
Luciene Linhares
28 de Setembro de 2014

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ela é tão boazinha que chega a ser RUIM





 Eles são tão bonzinhos que chegam a ser ruins

Tem crescido em nosso meio o uso de mascaras. A internet favorece muito este tipo de comportamento através das redes sociais. O facebook, por exemplo, é o melhor palco para se fazer uso de técnicas de enganação e manipulação da opinião pública.
Mas, esta prática não se resume a apenas as redes sociais, infelizmente ela se estende pela vida real e com estragos ainda maiores. Para conseguir o que querem as pessoas maquiam a cara, a imagem e principalmente os sentimentos (se é que podemos classificar como sentimento, a forma como alguns reagem).
Quando uma pessoa demonstra ter uma má índole, temos o cuidado de nos manter a uma distancia segura da mesma, mas o que fazer quando a pessoa “demonstra” ser a própria reencarnação de Buda (ou madre Teresa de Calcutá, como preferirem...)?
Então, é aí que o bicho pega!...
Desconfie da pessoa “boazinha demais”!
Sempre prestativa, carinhosa, gentil e educada. A pessoa “boazinha” sempre está disponível para “ajudar?”, sem necessariamente tomar partido por nada ou ninguém. Afinal, como boazinha que é, não pode ficar mal na fita de forma alguma. (Aliás, este é o ponto chave da desconfiança, não tomar partido é a forma mais dissimulada de se dar bem).
Afagos, elogios, bom humor e otimismo parecem ser características reais da pessoa boazinha, mas não se enganem, só parecem, pois na verdade por baixo de toda “bondade” exacerbada existe sempre uma pessoa fria, calculista e extremamente estrategista. (ninguém em sã consciência vive de flores e versos o tempo todo).
A pessoa “boazinha” tem ambições e muito foco. São inteligentes, usam seu pseudo-carisma para chegar mais facilmente onde querem. São sanguessugas emocionais, se aproveitam da confiança dos outros para tirar vantagem.
Enquanto finge ser o que não é, com o comportamento que citei acima, a pessoa “boazinha” te observa colhendo o máximo possível de informação e conhecimento que você possa passar. Na primeira oportunidade que tiver, a tão amada pessoa “boazinha” delicadamente te passa uma rasteira e se bobear ainda faz cara de paisagem e se faz de coitadinha para pegar outro trouxa que acredite.
Não se deixem enganar pelas aparências, assim como a foto do perfil no facebook, o caráter das pessoas “boazinhas” são bem diferentes do que tentam passar.

Luciene Linhares
Campina Grande 12 de setembro de 2014