domingo, 27 de setembro de 2015

Quando Deus nos fala



Quando Deus nos fala

Quando eu tinha cerca de quinze anos minha família programou uma viagem para a praia. Passamos o dia que antecedeu a viagem numa euforia só, minhas duas irmãs e eu queríamos muito brincar praia, sem falar que sair da rotina pra garotas que moram numa cidade pequena e com pais rigorosos é a oitava maravilha do mundo!
Quase não consegui dormir de tanta ansiedade pela hora de embarcar na aventura, mas durante o sono, eu sonhei que estava na praia com minha família e amigos e de repente eu via todos voltando pra casa e não me via no carro. Então, ainda no sonho eu ouvi uma voz que vinha do mar e dizia: “Se você for esta viagem, você não voltará.”
Acordei com uma sensação terrível, um peso, um mal estar e as palavras ecoando em minha mente: “Se você for esta viagem, você não voltará.”
Quando levantei minha mãe estava preparando o café para que tomássemos antes de sair, então falei pra ela que não iria. Falei do sonho e que não estava me sentindo bem o suficiente para ir. Ela insistiu, mas eu não cedi.
Quando todos estavam saindo, eu lembrei mais uma vez da voz e vi minha irmã caçula, na época com sete anos. Chamei minha mãe no terraço e pedi pra que tivesse muito cuidado com minha irmã.
O dia correu devagar para mim, em casa sozinha e com a lembrança do sonho eu aguardei minha família retornar do passeio. Demoraram mais do que o esperado para retornar, porque a minha irmã caçula quase morreu afogada. Meu pai a encontrou desacordada e um médico que estava próximo, fez os primeiros socorros levando-a para o hospital logo em seguida. Minha irmã se recuperou e hoje é uma bela mulher, mas eu aprendi que Deus nos fala ao coração e que devemos ter ouvidos apurados para ouvir-lhe os conselhos.
Hoje, quando preciso tomar uma decisão difícil em minha vida, eu sempre a entrego nas mãos de Deus, pois confio que ninguém melhor do que Ele para me guiar pela vida. Sei que Deus vê além, vê o que não posso ver naquele momento, por isso entrego pra ele as decisões e silencio o meu coração para ouvir a sua voz. E Ele sempre responde!
Quando tento fazer alguma coisa e fracasso, óbvio que fico triste! Mas, essa tristeza é passageira, pois sei que por traz daquele fracasso há algo melhor reservado pra mim, pois Deus me ama e quer o melhor pra mim!
Deus é tão bom e tão amoroso que mesmo que nossa mente esteja perturbada a ponto de não nos permitir ouvir sua voz (em forma de intuição) ele muitas vezes envia alguém para nos transmitir a mensagem que precisamos ouvir naquele momento. Sabe como isso acontece?
Tipo assim... Você está super pra baixo porque algo em sua vida deu errado ou porque aquela entrevista de emprego não rolou, mas daí alguém que você nunca viu antes (uma pessoa que encontra na rua, na fila do ônibus ou do banco) para e começa a conversar com você. E aquela pessoa de repente, começa a falar coisas que se encaixam perfeitamente naquilo que você está vivendo e ela sem “querer” te dá o direcionamento que você tanto precisava. Isso acontece porque Deus a enviou para te ajudar!
Nunca estamos sozinhos, nunca estamos desamparados!
Tudo conspira para o nosso bem, mesmo quando acreditamos que não. Nossa visão é limitada e muito frágil. Enxergamos apenas o agora e ainda embaçado pela névoa de nossos sentimentos egoístas e triviais. Deus vê além.
Ouça a voz de Deus.
Luciene Linhares

27 de Setembro de 2015

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Espelhos de emoções



Espelhos de emoções

“- Você está bem?”
Está é uma pergunta que ouvimos frequentemente das pessoas que nos cercam.
Mas, quantas destas pessoas estão de fato interessadas em saber como estamos de verdade?
Quantas dessas pessoas que nos perguntam se “estamos bem”, realmente estão dispostas a ouvir a nossa resposta? E este percentual de ouvinte cai ainda mais se a resposta que tivermos para dar não for a tão esperada “Estou bem!”.
Entendam, há um abismo entre ouvir e escutar. Ouvir, todos nós ouvimos, basta termos o aparelho auditivo funcionando bacaninha que a gente ouve até o que não quer. Mas, escutar requer atenção, tempo, compreensão...
As pessoas estão escutando cada vez menos. A “surdez emocional” é um mal que destrói até a mais sólida das relações. O surdo emocional vai sendo envolto por seu próprio ego até que nenhum afeto é capaz de tocá-lo. Mesmo sem perceber o surdo emocional, torna-se uma ilha silenciosa e fria.
Seja sincero, quantas vezes durante o seu dia um amigo ou parente conversou com você, enquanto você colocava a sua melhor “cara de paisagem” no botão automático e aproveitava o tempo da “conversa” (que na verdade era um monólogo) para mexer no celular ou pensar em qualquer outra coisa?
Não precisa negar ou fazer birra!
 Eu sei que isso realmente acontece o tempo todo!
Eu também faço! E não me orgulho disso!
Acontece que quando chega a nossa vez de falar, nos queixamos que o outro não nos dá atenção, mas não enxergamos que cometemos o mesmo erro.
Somos espelhos! Somos espelhos de emoções!
Refletimos aquilo que nos é apresentado diariamente.
Então, da próxima vez que for perguntar se “alguém está bem”, se interesse o suficiente para ouvir a resposta, inclusive A QUE NÃO FOR DADA pelo som da voz. Pois, muitas vezes a boca fala o que o coração não quer dizer. E se você não estiver disposto para ouvir com todos os seus sentidos, a conversa não fará sentindo e você perderá a chance de fazer a diferença na vida daquele alguém.
Lembre-se também que chegará um dia em que tudo que você irar desejar é ter alguém para te ouvir e que somos espelhos de emoções, então, neste dia provavelmente irás colher aquilo que semeastes. Verás no outro aquilo que refletes, seja indiferença ou atenção. A vida devolve aquilo damos para ela.
Luciene Linhares

23 de Agosto de 2015

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Cicatrizes da alma



Cicatrizes da alma

Vocês possuem alguma cicatriz pelo corpo?
E na alma, possuem cicatrizes?
Eu tenho algumas cicatrizes pelo corpo, fruto de quedas e procedimentos cirúrgicos que passei ao longo da vida.
Cada cicatriz tem sua história, algumas delas me trouxeram presentes maravilhosos, como as duas cesáreas pelas quais tive minhas duas filhas, meus dois presentes. Eu não abriria mão destas duas marquinhas de amor por nada neste mundo!
Tenho duas cicatrizes no joelho, fruto de quedas que sofri durante a infância. Uma delas parece até um sorriso, eu a consegui quando brincava num terreno baldio pertinho de minha casa, eu estava me divertindo andando pelo alicerce do que seria um prédio, quando escorreguei e cai, batendo o joelho direto numa pedra pontiaguda. Eu tinha sete anos, minha mãe quase enlouqueceu quando viu a quantidade de sangue, na hora eu achei que ia morrer! Brincadeira! Eu só lembro bem da queda em si e do quanto foi doloroso a recuperação.
A segunda queda eu já tinha catorze anos e desta vez, o processo todo foi bem guardado pela minha memória. Doeu MUITO! E a recuperação foi lenta! Mas, também passou!
Ficaram apenas as cicatrizes!
Enfim, cada cicatriz é um lembrete do que eu passei para chegar até ali, até a cicatrização. Obviamente que não sinto mais dor (graças a Deus), mas também não está nos meus planos ter uma nova cicatriz pelo mesmo motivo!
Prestem atenção na frase que escrevi acima e que vou enfatizar colocando entre parênteses agora: (não está nos meus planos ter uma nova cicatriz pelo mesmo motivo). Por que escrevi isso? Porque ninguém está isento de se machucar, a todo instante corremos este risco, mas devemos nos esforçar para não nos machucarmos da mesma forma duas, três, cem vezes...
Eu jamais irei andar por um alicerce de um prédio em construção novamente, porque sei que eles escorregam e que sempre haverá uma pedra afiada na sua base a espreita de um pobre joelho desavisado!
Entenderam o que eu quis dizer?
Que bom que entenderam! Agora vamos para a segunda parte da história! ...
Algumas pessoas são mais afiadas, frias e duras do que a pedra que furou o meu joelho! Acreditem, elas podem fazer estragos bem maiores em sua vida!
E não me refiro a apenas relacionamentos amorosos, mas em todos os tipos de relacionamentos! Às vezes essas pessoas se aproveitam apenas de uma distração sua(se aproveitam da confiança que você deposita nelas), para te derrubar e ferir.
Quando isso acontece, a dor que você sente é terrível, porque você simplesmente não espera que AQUELA pessoa possa te ferir um dia! Simples assim!
Depois da amarga surpresa de ser ferido por alguém que julgamos jamais ser capaz de fazer tal coisa, vem a segunda dor, a dor do ferimento em si, que dependendo do grau de intimidade existente pode atingir várias camadas da sua alma, como sua autoestima, e sua confiança nos outros, por exemplo.
O tempo vai passar, e a sua ferida na alma vai ser sua companheira por um BOM (ou seria ruim?) tempo!
Vai doer, vai doer de novo, e de novo, e de novo e de novo...
Às vezes essa ferida tá quase fechando, daí você esquece a dor, e o que você faz?
Se joga na pedra novamente!
Você acredita que dessa vez vai ser diferente e que a pedra não vai te ferir porque ela mudou de estado! A pedra agora, não é mais uma pedra fria e tudo vai ser diferente! Mas, não vai! A menos que você tenha habilidades fabulosas de alquimia da essência humana, a pedra fria sempre será uma pedra fria. E irá te ferir ainda mais, porque irar penetrar ainda mais fundo na sua ferida já aberta!
Sacou o lance?
Parafraseando aquela velha frase de “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” eu te digo: “Alma mole em pedra dura, tanto bate e SEMPRE FURA!”

Luciene Linhares

03 de Setembro de 2015