segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

MIGALHAS DE AMOR




MIGALHAS DE AMOR

O amor não acaba, a gente acaba com o amor!
Essa é a realidade de muitos relacionamentos e não adianta fazer birra e tentar jogar a culpa no outro! Somos responsáveis pela morte do amor.
De repente você conhece alguém super legal. Papo vai, papo vem e quando menos espera, você está pensando nele mais do que deveria. As notificações no celular são checadas com mais frequência e ansiedade do que nunca e a decepção ao ver que a mensagem não é “daquela pessoa”, fica evidente em seu olhar, da mesma forma que o brilho se irradia pelo seu sorriso quando é a mensagem tão esperada.
Pouco a pouco vocês vão se conhecendo e se aproximando cada vez mais, quando você menos espera, essa pessoa já adentrou em sua vida de tal forma que fica difícil imaginar fazer algo sem a companhia da mesma, pois as coisas mais bobas do seu dia, já tem o toque e a leveza das piadas e brincadeiras que só os casais apaixonados conseguem manter.
Em meio a tudo isto, você percebe que se apaixonou perdidamente por esta pessoa e isso faz com que você se dedique e faça de tudo para que a relação prossiga de forma cada vez mais harmoniosa e feliz. Você dedica horas do seu dia pensando ou fazendo algo para os dois e o mínimo que espera é que o outro faça o mesmo, mas aí é que começa toda a confusão...
Somos seres completamente distintos e como tal, reagimos e sentimos de forma distinta! O que para um é de suma importância, para o outro passa totalmente despercebido. Quem mais faz, mais cobra... E quanto mais cobra, menos o outro faz. Pois, o outro não consegue enxergar com o olhar de quem tá cobrando e acha que tudo o que recebe é por mérito.
Relacionamentos é uma mão de via DUPLA!
Não adianta justificar de que são “diferentes” e que cada um tem a sua forma de expressar o amor que sente, pois amor sem “expressão” não é amor, é comodismo, desleixo, descuido. É qualquer coisa, menos amor.
Um dia alguém me disse que relacionamento é uma carroça onde os dois devem puxar no mesmo sentido, caso contrário não sairiam do lugar. Discordo desse conceito, amor não é uma carroça onde dois burros devem carregar os sentimentos como verdadeiros fardos divididos em partes iguais para que possam prosseguir pela jornada.
Amor é cura, leveza e aconchego. Quando passa a ser peso a ser dividido, deixou de ser amor e passou a ser apenas um fardo.
Obviamente que ninguém quer carregar um fardo por muito tempo e é aí que o amor começa a morrer. Mas, ele morre lentamente...
Morre em cada mensagem não visualizada ou desconsiderada.
Morre em ligações realizadas pela força do hábito e não do desejo de ouvir a voz do ser amado.
Morre nos pequenos gestos que deixam de ser feitos com a desculpa do cansaço.
Morre nas pequenas e mais bobas coisas que são deixadas para trás, mas que faziam toda a diferença no mundo do outro.
Quando o amor está morrendo, os sentidos são anestesiados, o outro passa a não enxergar as necessidades do ser amado, para de ouvir o apelo de quem ainda quer salvar o que sobrou, troca o toque da pele pelo da tela do celular, o diálogo harmonioso pela disputa de culpados e por fim, para de fazer sentido estar juntos.
Nesse processo, quem se doou, começa a recolher os seus pedaços de ilusão, que agora se revelam como desilusão. E catando o que sobrou, vai se tornando inteiro de novo. E quando isto acontece, põe um fim no sofrimento do amor que estava morrendo e que agora se libertou.
Muitos de vocês, que estão lendo este texto agora, com certeza já viveram situações como esta, em que vocês fizeram de tudo para que aquele amor tão belo fosse eterno. Mas, nem tudo acontece conforme desejamos, pois nem todos querem cultivar um amor, muitos apenas o semeiam para ver nascer e esquecem que o amor precisa ser cultivado e o deixam morrer por falta de cuidados e atenção.
E as desculpas para esse desleixo com o amor semeado no peito alheio, são muitas, entre elas:
“Você cobra demais!”
Claro que devemos sempre cobrar demais, porque não merecemos menos do que o que doamos. Nosso tempo e sentimentos são valiosos demais para serem desperdiçados por quem não sabe o que é o cultivo do amor.
Melhor sacrificar um amor que não floresce por falta de cuidados, do que viver de migalhas.

Luciene Linhares
01 de Janeiro de 2019