segunda-feira, 9 de abril de 2018

AUTOMUTILAÇÃO




AUTOMUTILAÇÃO

Como falei no texto anterior, mesmo tendo várias crises de depressão, eu nunca tive vontade causar ferimentos em meu corpo. Nunca me automutilei e não estou dizendo isso para mostrar que sou melhor ou pior do que ninguém, afinal, em casos de dores, o maior doente é o que tenta provar para o outro que a sua dor é maior do que a dele.
Cada pessoa sabe exatamente a intensidade do que sente e não precisa de ninguém para medir isso!
O quero compartilhar com vocês aqui é um fato que tem ocorrido na escola em que minhas filhas estudam e que tem me deixado triste e preocupada! Em uma das visitas que fiz a escola recentemente, eu tive a oportunidade de abordar este assunto com a coordenadora, pois tenho conhecimento de que há alguns jovens que além de estarem com depressão, estão se automutilando. Questionei se a mesma tinha conhecimento do que estava acontecendo e para minha surpresa, ela não só tinha conhecimento do que acontecia, como citou os nomes dos jovens que estavam nessa situação.
Eu fiquei paralisada com a descoberta e perguntei o que estava sendo feito para acolher estes jovens? Perguntei se os pais tinham ciência do que acontecia com seus filhos e o que a escola poderia fazer para ajudar.
Foi aí que fiquei mais triste e mais preocupada, pois a coordenadora falou que havia ligado para os pais, comunicando o que estava acontecendo e solicitando a presença deles na escola para que pudesse ter uma abordagem mais abrangente da situação e para que os jovens pudessem ter o suporte da psicóloga da escola (segundo a coordenadora, a escola não pode encaminhar um aluno para o psicólogo sem o conhecimento e autorização dos pais. Se alguém souber informar com precisão esta questão, fique a vontade para comentar e nos ajudar a ajudar).
A coordenadora também falou que alguns pais sequer haviam percebido o que estava acontecendo com seus filhos. E outros disseram que não iriam para a escola, pois era “frescura de adolescente” e que isso “era falta de Deus” e que tudo ia se resolver. Todos os pais se negaram a permitir que os jovens tivessem acompanhamento psicológico e estão vivendo como se tudo estivesse na mais perfeita ordem natural das coisas...
Eu sei que não posso fazer muito por estes jovens, gostaria de verdade de poder ajudar de alguma forma, então essa é a minha forma...
Jovens,
Não se mutilem, não se machuquem. Seja lá qual for o motivo que o faça a agir assim, lute contra! Eu sei que não é frescura ou falta de Deus, mas excesso de dor, mas você está vivo e tem um mundo a espera. Esse mundo não é fácil, mas é belo. Existirão sempre dias ruins, dias muito muito ruim e dias bons. Saiba viver cada um da melhor forma. Busque dentro de você a causa disso tudo e lute para que não te destrua. Amores vem e vão, pais são a base de tudo para alguns e um furacão destruidor para outros, se você tem pais que se enquadram na segunda opção, mais um motivo para não se deixar abater. Laços de sangue não nos obriga a amar ninguém. Devemos respeito aos nossos pais, mas se eles não o enxergam em sua plenitude e não os acolhe como deveria, erga a cabeça e siga. A sua jornada será difícil, mas a de ninguém é fácil. Lembre-se do lance das dores, cada um com a sua e segue o baile!
Pais (dos jovens que estudam na mesma escola de minhas filhas),
Filhos não são acessórios para você usar apenas para fotos das redes sociais! Filhos não são criaturas sem rumo que você alimenta, coloca na escola e medica quando necessário e por isto acha que fez a sua parte. Filhos vão muito além das responsabilidades básicas de sobrevivência. Filho é uma parte sua, a sua melhor parte! Trate-o como tal!
Pra quem vive em função do trabalho e não enxerga seu filho, saiba que presentinhos caros não fazem ninguém feliz, o celular que você tão caprichosamente comprou, serve muitas vezes para alimentar a mente infeliz do seu filho com ideias e conversas infelizes.
E pra quem é religioso e acha que os filhos depressivos só estão com “falta de Deus”, saiba que a falta de Deus está em você que vive na igreja com a cabeça cheia de frases decoradas e o coração vazio de amor e empatia.
Esta vida é semeadura, e vocês estão semeando desamor, mas a velhice trará os frutos bem adubados de tudo que vocês semeiam agora!
E só mais um aviso para estes pais em especial: Se algo acontecer com estes adolescentes, eu irei denunciar vocês por negligência e omissão!
Luciene Linhares
09 de Abril de 2018

TENDO A ALMA FERIDA PELA DEPRESSÃO




TENDO A ALMA FERIDA PELA DEPRESSÃO

Quero deixar BEM CLARO QUE NÃO SOU ESPECIALISTA NA ÁREA, mas o texto é para chamar a atenção de todos vocês para o que vem acontecendo com muitas crianças e adolescentes, e que muitas vezes tem um resultado final bem trágico, o suicídio.
Quem me conhece e já viu meus textos e também alguns vídeos, sabe que tenho depressão e síndrome do pânico (pra quem desconhece isso como doença, aconselho a procurar se informar mais, pois o mundo será um lugar bem melhor se houver pessoas menos ignorantes nele). Estas duas doenças trazem consigo uma vasta quantidade de sintomas dolorosos. Depressão não é tá: “tristinho porque o crush não dá moral”, “tristinho porque não tem Deus no coração”, “tristinho porque não tem o que fazer”... Esses são os diagnósticos que mais recebo de pessoas muito próximas. Isto sem falar que depois que você é diagnosticada com depressão, com frequência você será taxado por “louca da família”.
No meu processo de depressão eu não passei pela automutilação, mas sentia uma tristeza imensa, faltava tudo: vontade de comer, dormir, trabalhar, amar, conversar, viver. Acrescente a tudo isto, uma fraqueza corporal, daquelas que você tem que se esforçar ao máximo para poder levantar da cama para fazer o essencial, acrescente também enxaquecas horríveis, dores abdominais, arritmia cardíaca, falta de ar, sensação de desmaio, suor frio e enjoos. O calor podia ser de quarenta graus, mas eu sentia frio e vontade de ficar deitada pensando em tudo de ruim que acontecia e que poderia acontecer. As coisas que você mais ama, perdem o sentido e você luta para continuar respirando (geralmente porque você ama tanto alguém, que não quer dar pra este alguém a tristeza de ir para o seu funeral por suicídio). Isto é depressão! Não é falta de Deus ou frescura, ok?
Estes sintomas aí descritos, eu vivi e sobrevivi!
As vezes eles voltam como fantasmas para me assustar e roubar a paz e a alegria de viver, mas depois de um tratamento que fiz com terapias psicanalíticas e remédios (os remédios foram prescritos pelo médico e foi feito o desmame após dois meses de uso, pois respondi bem a terapia), eu aprendi a RECONHECER O MEU GATILHO PARA DEPRESSÃO (que é o motivo pelo qual entramos no circulo deste inferno solitário), eu consigo trabalhar melhor a minha força interior para combater os pensamentos doentes e a intensidade com quê eles me atingem.
Não vou ser hipócrita com vocês e falar que fiquei curada e que não há dias em que eu não esteja me sentido pior do que “a mosca do cocô do cavalo do bandido”, a diferença é que eu sei o que desencadeia esta sequencia de pensamentos sem sentido e aterrorizantes e com isso, luto para combater. Às vezes eu venço e abraço a vida com muito carinho e amor. Outras vezes a doença me vence e eu fico abatida, esperando que a vida me abrace através do socorro que vem de Deus. E assim, sigo meu caminho, travando batalhas silenciosas, vivendo um dia por vez. Lutando para ser melhor e mais forte a cada batalha.
Esta doença mutila a minha alma, mas há pessoas que além de todos estes sintomas que citei, sentem mais e mais dores. Às vezes, estas dores são tão fortes, que elas mutilam seus corpos para tentar aliviar a dor da alma. Não sou especialista na área, então não posso julgar o que de fato acontece para que façam isso, mas esse não é o melhor caminho para sair do furacão que é a depressão. Então, se você está lendo isso e faz uso da mutilação por um propósito que só cabe a você saber, por favor, para! Ferir o teu corpo não vai aliviar a tua dor, fortalecer ele, sim. E se você não estiver com forças para se fortalecer, eu entendo, mas não se mutila!
Sabem por que eu abordei este assunto? Porque conheci algumas pessoas que fazem isso e me entristece como todos ao redor são tão cegos e insensíveis, pois não enxergam o que acontecem em seus lares, com seus filhos. Para que o texto não fique muito longo e cansativo, leiam o outro texto que vem a seguir: Pais, a culpa também é sua!
Luciene Linhares
09 de Abril de 2018

quinta-feira, 5 de abril de 2018

RELIGIÃO NÃO CURA, MAS PODE CAUSAR DEFICIÊNCIAS




RELIGIÃO NÃO CURA, MAS PODE CAUSAR DEFICIÊNCIAS


Uma das coisas que mais me incomoda nesta vida é quando vejo pessoas tentando enfiar sua religião goela a baixo, sem se importar com o que o “outro” pensa, acredita ou mesmo sente. Este tipo de agressão vem de todos os lados, o tempo todo...
Sim! É uma agressão obrigar alguém a seguir regras de uma religião que ela não acredita ou mesmo entende.
Acredito que já tenha dito em outros textos o que minha mãe fazia comigo quando eu tinha por volta de doze, treze anos. Ela é católica e tentou de todas as formas possíveis me inserir na igreja. Matriculou-me na escola de catequese e me obrigava a rezar todas as noites antes de dormir. Acontece que com onze anos eu já tinha lido muito e convivia com a minha avó materna de forma muito próxima e participava com ela de reuniões espíritas. Então meu coração e minhas crenças sempre foram espiritualizadas.
Mesmo na adolescência eu tinha certeza de que não queria participar daquela religião que minha mãe tentava impor. Eu inventava doenças de todos os tipos para não ir para a missa e as aulas de catequese. E quando ia eu questionava tudo e todos o tempo todo. Eu não me encaixa naquela religião. E depois de mais ou menos um ano de muito sofrimento e falsas doenças (desculpas) para não ir, minha mãe teve o bom senso de me deixar livre para seguir o que eu desejava. Não me obrigou a ir para a igreja e nem para as aulas.
Eu sou mãe de duas adolescentes, sei bem o que é amar profundamente alguém e desejar o melhor para este alguém, mas consigo compreender que por mais que eu deseje que ela siga um determinado caminho, o meu desejo não é uma obrigação para elas. Por este motivo, eu não ensino religião para minhas filhas, mas apresento Deus para ela em todas as ocasiões.
Elas fazem estudo bíblico com uma determinada religião e frequentam comigo um centro espírita, dou a elas a oportunidade do conhecimento, para que possam avaliar e escolher seu próprio caminho. Nãos as obrigo a frequentar ou acreditar no que é dito nas palestras, mas tento fazer com que compreendam que não é religião que te faz ser uma pessoa melhor, mas a empatia, o respeito, a caridade e a sensibilidade de enxergar o que muitos insistem em não ver.
Deus não é esta figura distante que muitos pregam, não é um castigador feroz que pune aqueles que não seguem a sua vontade, e diga-se de passagem que a “vontade de Deus” está muitas vezes disfarçada de “regrinhas e normas impostas pela compreensão equivocada de muitas religiões”.
Deus é amor, é harmonia, é compreensão, e acima de TUDO: É RESPEITO! Porque para amar é necessário respeitar. O próprio Jesus resumiu a Bíblia em dois mandamentos: “Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.  Então, me pergunto se a galera que vive pregando religião e julgando quem não tá no seu “quadrado”, realmente já leu a Bíblia que carregam com tanto esmero em suas bolsas e braços?
Já leram o que citei acima?
E se leram, conseguiram compreender?
Ou só entendem o que os dirigentes dizem nos eventos religiosos aos quais frequentam com afinco?
Eu me faço este questionamento todas as vezes que sou abordada pela ignorância e despreparo de pessoas que se ocupam em observar que crença eu tenho e como vivo a minha vida. Há alguns dias uma pessoa teve o “equívoco” de insinuar que a doença de minha filha (Diabetes tipo 1) poderia ser curada se eu deixasse de frequentar o centro espírita e procurasse uma igreja para “aceitar Jesus e com ele fazer um voto de fé”. Confesso que na hora eu fui pega de surpresa, mas quando me recompus, tive que fazer um esforço muito grande para exercer o amor de Deus em forma de respeito a ignorância alheia, então apenas a questionei:
- Você acha que, se as coisas funcionassem como você está falando, haveria doença no mundo? Mães perderiam seus filhos para doenças? Você não acha que a profissão de medicina e os hospitais não deixariam de existir? Porque não só as mães, mas todas as pessoas que tivessem um ente amado doente iriam para uma igreja em busca da cura, conforme você me propôs.
A conversa foi encerrada por aí, mas o preconceito e a imagem que passam de Deus por aí anda muito destorcida.
Desculpe-me pela sinceridade, mas não tenho religião. Tenho Deus presente na minha vida.
Luciene Linhares
05 de Abril de 2018