RELIGIÃO NÃO CURA, MAS PODE CAUSAR DEFICIÊNCIAS
Uma
das coisas que mais me incomoda nesta vida é quando vejo pessoas tentando
enfiar sua religião goela a baixo, sem se importar com o que o “outro” pensa,
acredita ou mesmo sente. Este tipo de agressão vem de todos os lados, o tempo
todo...
Sim!
É uma agressão obrigar alguém a seguir regras de uma religião que ela não
acredita ou mesmo entende.
Acredito
que já tenha dito em outros textos o que minha mãe fazia comigo quando eu tinha
por volta de doze, treze anos. Ela é católica e tentou de todas as formas
possíveis me inserir na igreja. Matriculou-me na escola de catequese e me
obrigava a rezar todas as noites antes de dormir. Acontece que com onze anos eu
já tinha lido muito e convivia com a minha avó materna de forma muito próxima e
participava com ela de reuniões espíritas. Então meu coração e minhas crenças
sempre foram espiritualizadas.
Mesmo
na adolescência eu tinha certeza de que não queria participar daquela religião
que minha mãe tentava impor. Eu inventava doenças de todos os tipos para não ir
para a missa e as aulas de catequese. E quando ia eu questionava tudo e todos o
tempo todo. Eu não me encaixa naquela religião. E depois de mais ou menos um
ano de muito sofrimento e falsas doenças (desculpas) para não ir, minha mãe
teve o bom senso de me deixar livre para seguir o que eu desejava. Não me
obrigou a ir para a igreja e nem para as aulas.
Eu
sou mãe de duas adolescentes, sei bem o que é amar profundamente alguém e
desejar o melhor para este alguém, mas consigo compreender que por mais que eu
deseje que ela siga um determinado caminho, o meu desejo não é uma obrigação
para elas. Por este motivo, eu não ensino religião para minhas filhas, mas apresento
Deus para ela em todas as ocasiões.
Elas
fazem estudo bíblico com uma determinada religião e frequentam comigo um centro
espírita, dou a elas a oportunidade do conhecimento, para que possam avaliar e
escolher seu próprio caminho. Nãos as obrigo a frequentar ou acreditar no que é
dito nas palestras, mas tento fazer com que compreendam que não é religião que
te faz ser uma pessoa melhor, mas a empatia, o respeito, a caridade e a
sensibilidade de enxergar o que muitos insistem em não ver.
Deus
não é esta figura distante que muitos pregam, não é um castigador feroz que
pune aqueles que não seguem a sua vontade, e diga-se de passagem que a “vontade
de Deus” está muitas vezes disfarçada de “regrinhas e normas impostas pela
compreensão equivocada de muitas religiões”.
Deus
é amor, é harmonia, é compreensão, e acima de TUDO: É RESPEITO! Porque para
amar é necessário respeitar. O próprio Jesus resumiu a Bíblia em dois
mandamentos: “Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.
Então, me pergunto se a galera que vive pregando
religião e julgando quem não tá no seu “quadrado”, realmente já leu a Bíblia
que carregam com tanto esmero em suas bolsas e braços?
Já
leram o que citei acima?
E
se leram, conseguiram compreender?
Ou
só entendem o que os dirigentes dizem nos eventos religiosos aos quais
frequentam com afinco?
Eu
me faço este questionamento todas as vezes que sou abordada pela ignorância e despreparo
de pessoas que se ocupam em observar que crença eu tenho e como vivo a minha
vida. Há alguns dias uma pessoa teve o “equívoco” de insinuar que a doença de
minha filha (Diabetes tipo 1) poderia ser curada se eu deixasse de frequentar o
centro espírita e procurasse uma igreja para “aceitar Jesus e com ele fazer um
voto de fé”. Confesso que na hora eu fui pega de surpresa, mas quando me
recompus, tive que fazer um esforço muito grande para exercer o amor de Deus em
forma de respeito a ignorância alheia, então apenas a questionei:
-
Você acha que, se as coisas funcionassem como você está falando, haveria doença
no mundo? Mães perderiam seus filhos para doenças? Você não acha que a
profissão de medicina e os hospitais não deixariam de existir? Porque não só as
mães, mas todas as pessoas que tivessem um ente amado doente iriam para uma igreja
em busca da cura, conforme você me propôs.
A
conversa foi encerrada por aí, mas o preconceito e a imagem que passam de Deus
por aí anda muito destorcida.
Desculpe-me
pela sinceridade, mas não tenho religião. Tenho Deus presente na minha vida.
Luciene
Linhares
05
de Abril de 2018
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