quinta-feira, 5 de abril de 2018

RELIGIÃO NÃO CURA, MAS PODE CAUSAR DEFICIÊNCIAS




RELIGIÃO NÃO CURA, MAS PODE CAUSAR DEFICIÊNCIAS


Uma das coisas que mais me incomoda nesta vida é quando vejo pessoas tentando enfiar sua religião goela a baixo, sem se importar com o que o “outro” pensa, acredita ou mesmo sente. Este tipo de agressão vem de todos os lados, o tempo todo...
Sim! É uma agressão obrigar alguém a seguir regras de uma religião que ela não acredita ou mesmo entende.
Acredito que já tenha dito em outros textos o que minha mãe fazia comigo quando eu tinha por volta de doze, treze anos. Ela é católica e tentou de todas as formas possíveis me inserir na igreja. Matriculou-me na escola de catequese e me obrigava a rezar todas as noites antes de dormir. Acontece que com onze anos eu já tinha lido muito e convivia com a minha avó materna de forma muito próxima e participava com ela de reuniões espíritas. Então meu coração e minhas crenças sempre foram espiritualizadas.
Mesmo na adolescência eu tinha certeza de que não queria participar daquela religião que minha mãe tentava impor. Eu inventava doenças de todos os tipos para não ir para a missa e as aulas de catequese. E quando ia eu questionava tudo e todos o tempo todo. Eu não me encaixa naquela religião. E depois de mais ou menos um ano de muito sofrimento e falsas doenças (desculpas) para não ir, minha mãe teve o bom senso de me deixar livre para seguir o que eu desejava. Não me obrigou a ir para a igreja e nem para as aulas.
Eu sou mãe de duas adolescentes, sei bem o que é amar profundamente alguém e desejar o melhor para este alguém, mas consigo compreender que por mais que eu deseje que ela siga um determinado caminho, o meu desejo não é uma obrigação para elas. Por este motivo, eu não ensino religião para minhas filhas, mas apresento Deus para ela em todas as ocasiões.
Elas fazem estudo bíblico com uma determinada religião e frequentam comigo um centro espírita, dou a elas a oportunidade do conhecimento, para que possam avaliar e escolher seu próprio caminho. Nãos as obrigo a frequentar ou acreditar no que é dito nas palestras, mas tento fazer com que compreendam que não é religião que te faz ser uma pessoa melhor, mas a empatia, o respeito, a caridade e a sensibilidade de enxergar o que muitos insistem em não ver.
Deus não é esta figura distante que muitos pregam, não é um castigador feroz que pune aqueles que não seguem a sua vontade, e diga-se de passagem que a “vontade de Deus” está muitas vezes disfarçada de “regrinhas e normas impostas pela compreensão equivocada de muitas religiões”.
Deus é amor, é harmonia, é compreensão, e acima de TUDO: É RESPEITO! Porque para amar é necessário respeitar. O próprio Jesus resumiu a Bíblia em dois mandamentos: “Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.  Então, me pergunto se a galera que vive pregando religião e julgando quem não tá no seu “quadrado”, realmente já leu a Bíblia que carregam com tanto esmero em suas bolsas e braços?
Já leram o que citei acima?
E se leram, conseguiram compreender?
Ou só entendem o que os dirigentes dizem nos eventos religiosos aos quais frequentam com afinco?
Eu me faço este questionamento todas as vezes que sou abordada pela ignorância e despreparo de pessoas que se ocupam em observar que crença eu tenho e como vivo a minha vida. Há alguns dias uma pessoa teve o “equívoco” de insinuar que a doença de minha filha (Diabetes tipo 1) poderia ser curada se eu deixasse de frequentar o centro espírita e procurasse uma igreja para “aceitar Jesus e com ele fazer um voto de fé”. Confesso que na hora eu fui pega de surpresa, mas quando me recompus, tive que fazer um esforço muito grande para exercer o amor de Deus em forma de respeito a ignorância alheia, então apenas a questionei:
- Você acha que, se as coisas funcionassem como você está falando, haveria doença no mundo? Mães perderiam seus filhos para doenças? Você não acha que a profissão de medicina e os hospitais não deixariam de existir? Porque não só as mães, mas todas as pessoas que tivessem um ente amado doente iriam para uma igreja em busca da cura, conforme você me propôs.
A conversa foi encerrada por aí, mas o preconceito e a imagem que passam de Deus por aí anda muito destorcida.
Desculpe-me pela sinceridade, mas não tenho religião. Tenho Deus presente na minha vida.
Luciene Linhares
05 de Abril de 2018

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