TENDO A ALMA FERIDA PELA DEPRESSÃO
Quero
deixar BEM CLARO QUE NÃO SOU ESPECIALISTA NA ÁREA, mas o texto é para chamar a
atenção de todos vocês para o que vem acontecendo com muitas crianças e
adolescentes, e que muitas vezes tem um resultado final bem trágico, o
suicídio.
Quem
me conhece e já viu meus textos e também alguns vídeos, sabe que tenho
depressão e síndrome do pânico (pra quem desconhece isso como doença, aconselho
a procurar se informar mais, pois o mundo será um lugar bem melhor se houver pessoas
menos ignorantes nele). Estas duas doenças trazem consigo uma vasta quantidade
de sintomas dolorosos. Depressão não é tá: “tristinho porque o crush não dá
moral”, “tristinho porque não tem Deus no coração”, “tristinho porque não tem o
que fazer”... Esses são os diagnósticos que mais recebo de pessoas muito próximas.
Isto sem falar que depois que você é diagnosticada com depressão, com
frequência você será taxado por “louca da família”.
No
meu processo de depressão eu não passei pela automutilação, mas sentia uma
tristeza imensa, faltava tudo: vontade de comer, dormir, trabalhar, amar,
conversar, viver. Acrescente a tudo isto, uma fraqueza corporal, daquelas que
você tem que se esforçar ao máximo para poder levantar da cama para fazer o
essencial, acrescente também enxaquecas horríveis, dores abdominais, arritmia
cardíaca, falta de ar, sensação de desmaio, suor frio e enjoos. O calor podia
ser de quarenta graus, mas eu sentia frio e vontade de ficar deitada pensando
em tudo de ruim que acontecia e que poderia acontecer. As coisas que você mais
ama, perdem o sentido e você luta para continuar respirando (geralmente porque
você ama tanto alguém, que não quer dar pra este alguém a tristeza de ir para o
seu funeral por suicídio). Isto é depressão! Não é falta de Deus ou frescura,
ok?
Estes
sintomas aí descritos, eu vivi e sobrevivi!
As
vezes eles voltam como fantasmas para me assustar e roubar a paz e a alegria de
viver, mas depois de um tratamento que fiz com terapias psicanalíticas e
remédios (os remédios foram prescritos pelo médico e foi feito o desmame após
dois meses de uso, pois respondi bem a terapia), eu aprendi a RECONHECER O MEU
GATILHO PARA DEPRESSÃO (que é o motivo pelo qual entramos no circulo deste
inferno solitário), eu consigo trabalhar melhor a minha força interior para
combater os pensamentos doentes e a intensidade com quê eles me atingem.
Não
vou ser hipócrita com vocês e falar que fiquei curada e que não há dias em que
eu não esteja me sentido pior do que “a mosca do cocô do cavalo do bandido”, a
diferença é que eu sei o que desencadeia esta sequencia de pensamentos sem
sentido e aterrorizantes e com isso, luto para combater. Às vezes eu venço e
abraço a vida com muito carinho e amor. Outras vezes a doença me vence e eu
fico abatida, esperando que a vida me abrace através do socorro que vem de
Deus. E assim, sigo meu caminho, travando batalhas silenciosas, vivendo um dia
por vez. Lutando para ser melhor e mais forte a cada batalha.
Esta
doença mutila a minha alma, mas há pessoas que além de todos estes sintomas que
citei, sentem mais e mais dores. Às vezes, estas dores são tão fortes, que elas
mutilam seus corpos para tentar aliviar a dor da alma. Não sou especialista na
área, então não posso julgar o que de fato acontece para que façam isso, mas
esse não é o melhor caminho para sair do furacão que é a depressão. Então, se
você está lendo isso e faz uso da mutilação por um propósito que só cabe a você
saber, por favor, para! Ferir o teu corpo não vai aliviar a tua dor, fortalecer
ele, sim. E se você não estiver com forças para se fortalecer, eu entendo, mas
não se mutila!
Sabem
por que eu abordei este assunto? Porque conheci algumas pessoas que fazem isso
e me entristece como todos ao redor são tão cegos e insensíveis, pois não
enxergam o que acontecem em seus lares, com seus filhos. Para que o texto não
fique muito longo e cansativo, leiam o outro texto que vem a seguir: Pais, a
culpa também é sua!
Luciene
Linhares
09
de Abril de 2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário