Sapos
serão sempre sapos, não importa o quanto você o beije!
Vocês
já tiveram o desprazer de serem assaltados?
Eu
já tive esta infelicidade, em um final de tarde enquanto esperava o ônibus pra
ir pra faculdade um individuo parou uma moto em minha frente e com um revolver
na mão pediu minha bolsa e tudo que nela estava.
Posso
te garantir que não foi a melhor das sensações, primeiro porque o susto é tão
grande que você perde meio que a noção de tempo e de espaço. Só depois deste
choque é que você vai parar para analisar direitinho o que perdeu, e como tudo
de fato aconteceu.
Quando
cheguei em casa, passei cerca de uns dois dias pra contabilizar o que havia
sido levado pelo ladrão (e não adianta vir bancar o engraçadinho dizendo que
bolsa de mulher tem tanta coisa que não sabemos ao certo que tem dentro dela),
mas é que o pavor e o trauma do assalto nos deixa fora do ar.
Depois
de ter contabilizado o que havia perdido eu fiquei pensando na dinâmica do
assalto, repassando a trajetória do ladrão e o que eu poderia ter feito para
que isto não tivesse acontecido, com tristeza posso afirmar que dei vacilo! Se
eu não tivesse ficado no ponto de ônibus tão escuro, se tivesse ficado no
barzinho ao lado até a chegada do ônibus, se não tivesse ficado distraída
olhando umas anotações...
Foram
os “se” que contribuíram para que eu fosse a vítima perfeita naquele momento!
Mas,
de tudo temos que tirar uma lição, não é mesmo?!
Então,
queria compartilhar com vocês o que pensei a respeito disto e a que conclusões
cheguei:
"Quando
a gente dá bobeira pra o azar, do tipo ficar com o celular na mão num lugar
onde o índice de furto é grande e de repente “um mala” vem e o leva, a gente
fica com a sensação de perda e sofrimento, mas também com a certeza de que fomos
responsáveis pelo furto! Pois, não observamos os perigos que se aproximavam.
Pois
é, isso também acontece com nossos corações. Às vezes deixamos nossas emoções e
sentimentos desprotegidos, a mercê de qualquer um que queria roubá-los e quando
isso acontece à sensação de perda divide espaço com a sensação de burrice e culpa
por ter deixado algo tão precioso ser levado por alguém tão sem valor.
Nos
expomos ao perigo de gente vazia, que tenta nos roubar para preencher seus próprios
espaços solitários e frios. Nos deixamos levar pela lábia daqueles que nada
possuem a oferecer. A fábula do sapo que vira príncipe parece não ter saído da
mente de muitas pessoas, porque nunca se beijou tanto sapo na esperança de
transformá-los em algo melhor, quem sabe, até um príncipe! Mas, isto é só mais
uma história pra crianças (que aliás, ao meu ver, nem deveria ser contada para
não confundir a mente delas).
Sapos
serão sempre sapos!
A
vida dá sinais de que as coisas estão erradas, a gente é que insiste em
fantasiar, achando que aquela desatenção ali é só excesso de trabalho do “sapo”,
que aquela grosseiria do “sapo” foi só porque ele teve um dia ruim... E assim,
vamos engolindo os sapos dos “Sapo”, fechando os olhos para o pântano que se
abre aos nossos pés.
E
se você teimar em acreditar que um beijo ali, um carinho acolá, irá modificar a
natureza da criatura, tolo engano! Uma hora você vai acordar e verá que todos
os seus sonhos e ilusões foram para o brejo junto com o sapo!
Luciene
Linhares
24 de Agosto de 2015