A
DIFERENÇA ENTRE SER MÃE E PARIR
Quando
alguém chega perto de mim e fala que está grávida, eu não consigo sorrir e
dizer: “Nossa! Parabéns! Que felicidade!”.
Lamento,
mas meu nível de falsidade e hipocrisia não chega nesse nível! Eu juro que
tento ser simpática ao extremo e segurar um monte de coisas que me passam pela
cabeça no momento, então, no máximo eu falo: “Que Deus a abençoe e que venha
com saúde!”. (Falo isso fazendo uma careta e levantando a sobrancelha. Como eu
sei disso? Porque minha própria filha diz depois! (Mamãe, tu tava com cara de
nojo de novo! Deu pra perceber!)).
Aí,
você, que não tem filhos e que acha esse mundo de bebes e maternidade uma coisa
linda, colorida e fofa, deve estar pensando agora: “Essa nojenta é uma coração
de pedra! Uma safada que não tem amor por ninguém! Uma mulher sem sentimentos
que não sabe o “valor” da maternidade!
Colega,
EU SEI O REAL VALOR DA MATERNIDADE!
Porque
para que a MATERNIDADE exista, parte da MULHER tem que morrer pra dar vida a
MÃE!
E
é nesse exato momento que as “amáveis defensoras da maternidade” CORREM.
Simplesmente pulam fora, sabe?
Porque
ser MÃE não é parir, colegas! Ser mãe é abrir mão de sua vida para adaptá-la ao
ser que você trouxe ao mundo. E aí o bicho pega!
E
as “adoráveis” “mamães” de ensaios fotográficos e declarações de amor
verdadeiro, se veem numa realidade totalmente diferente do que imaginaram um
dia!
Vou
citar alguns desses breves momentos aqui para terem só uma pequena idéia...
Se
for um parto “normal” (porque eu já assisti e aquilo não parece normal nem em
outro planeta), a mulher vai sofrer dores que jamais sentiu e vai parir, muitas
vezes sendo cortada e costurada. Seu corpo e seios estarão inchados e doloridos
e ela mal vai poder sentar-se por alguns dias.
Se
for uma cesariana, você voltará para casa parecendo que engoliu um balão de tão
inchada. Sentirá dores até para respirar e andará meio que curvada por alguns
dias, pelo peso dos seios que também estarão inchados e doloridos como também
pelo corte na barriga que dói toda vez que você tenta andar ereta.
Em
ambos os casos citados acima, tem ainda de brinde o “defecar”, você não sabe
como é ficar com intestino preso e não poder fazer força porque está toda
costurada ao mesmo tempo em que o organismo precisa expelir o que tá dentro...
A primeira cagada depois desse processo é motivo de choro e alegria, porque dói
pra lascar, mas é um alívio imenso quando sai.
Tudo
dando certo, volta pra casa com seu bebe, que vai dormir tranquilamente por
quase todo o dia, ficando acordado por quase toda a noite, e chorando por
inúmeros motivos dos quais nunca saberemos ao certo, mas que tentaremos
consolar com todas as nossas forças. E muitas vezes choraremos com eles, pelas
dores do parto e também pelas dores deles.
O
tempo vai passar ele vai crescer e vai requerer cada vez mais sua atenção. Ir
ao banheiro é uma tarefa da qual você fará com companhia constante, atire a
primeira pedra quem não levava o carrinho de bebe para a porta do banheiro pra
ficar de olho no filhote.
Coisas
como estudar e trabalhar? Você até pode continuar fazendo, se tiver quem tome
conta do seu filho pra você.
Mas,
tomando uma boa dose de REALIDADE, uma pessoa de baixa renda não tem condições
de pagar uma babá e nem todo mundo tem a sorte de ter alguém de confiança para
tomar conta do seu filho pra você.
Então,
por alguns ANOS você ficará em casa tomando conta do seu filho. CRIANDO-O,
EDUCANDO-O E AMANDO-O, isso é MATERNIDADE.
MATERNIDADE
tem um preço muito alto! Dependendo da mulher, custa-lhe muito abrir mão dos
seus planos, dos seus sonhos e da vida que possuía antes. É um desafio
realinhar a vida em outros trilhos. Uma verdadeira MÃE é uma FÊNIX que ressurge
das cinzas com o crescimento de seus filhos. Porque, mesmo abrindo mão da vida
que possuía, ela encontra esperança, fé e coragem de sonhar outros sonhos e
renasce das cinzas do que foi para o brilho de uma nova vida.
Agora
PARIR é carregar uma criança no ventre pelo tempo determinado para seu
nascimento e depois disto, jogar toda a responsabilidade de CRIAR para outra
pessoa, que em muitos casos é a avó ou tias. Isso não é ser mãe, isso é PARIR.
Porque muitas mulheres se gabam de serem mães pelo simples fato de carregar no
ventre e parir, sendo que depois disso, suas vidas continuam. Seus sonhos,
carreiras e relacionamentos continuam, como se nada houvesse acontecido. Não há
laços maternos, não são mães, são genitoras.
Então
é muito fácil criticar uma mãe que está sobrecarregada, triste e perdida por
ter optado por carregar o fardo da maternidade, quando você sequer sabe o peso
que é SER MÃE.
Aprendam
uma coisa: Uma MÃE que não gosta da MATERNIDADE, NÃO é uma mãe que não AMA SEUS
FILHOS. Como ser humano e mulher ela tem todo direito do mundo de não gostar de
carregar um fardo tão pesado e sozinha, (porque muitos GENITORES estão
presentes apenas na hora de fazer a criança) mas na hora de criar e educar de
verdade, é A MÃE que está lá.
Eu
não gosto da MATERNIDADE, porque ela me custou muito. Mas, AMO IMENSAMENTE
MINHAS FILHAS, e não há prova maior de amor por elas do que ser a MÃE delas,
porque eu poderia ter optado por apenas PARIR e continuar com minha vida, mas
optei por cria-las, amando-as e renascendo com o crescimento e desenvolvimento
delas.
Ps.:
A Fênix é uma ave da mitologia grega que ao morrer, entrava em autocombustão e
com o passar do tempo, renascia de suas próprias cinzas. Uma belíssima ave com
plumagem de fogo. Outra característica da Fênix era que segundo os gregos, ela
podia transportar cargas muito pesadas como elefantes, embora seu tamanho fosse
um pouco maior que o de uma águia.
Abraço
Fraterno,
Luciene
Linhares
30
de Abril de 2017