domingo, 30 de abril de 2017

A DIFERENÇA ENTRE SER MÃE E PARIR



A DIFERENÇA ENTRE SER MÃE E PARIR

Quando alguém chega perto de mim e fala que está grávida, eu não consigo sorrir e dizer: “Nossa! Parabéns! Que felicidade!”.
Lamento, mas meu nível de falsidade e hipocrisia não chega nesse nível! Eu juro que tento ser simpática ao extremo e segurar um monte de coisas que me passam pela cabeça no momento, então, no máximo eu falo: “Que Deus a abençoe e que venha com saúde!”. (Falo isso fazendo uma careta e levantando a sobrancelha. Como eu sei disso? Porque minha própria filha diz depois! (Mamãe, tu tava com cara de nojo de novo! Deu pra perceber!)).
Aí, você, que não tem filhos e que acha esse mundo de bebes e maternidade uma coisa linda, colorida e fofa, deve estar pensando agora: “Essa nojenta é uma coração de pedra! Uma safada que não tem amor por ninguém! Uma mulher sem sentimentos que não sabe o “valor” da maternidade!
Colega, EU SEI O REAL VALOR DA MATERNIDADE!
Porque para que a MATERNIDADE exista, parte da MULHER tem que morrer pra dar vida a MÃE!
E é nesse exato momento que as “amáveis defensoras da maternidade” CORREM. Simplesmente pulam fora, sabe?
Porque ser MÃE não é parir, colegas! Ser mãe é abrir mão de sua vida para adaptá-la ao ser que você trouxe ao mundo. E aí o bicho pega!
E as “adoráveis” “mamães” de ensaios fotográficos e declarações de amor verdadeiro, se veem numa realidade totalmente diferente do que imaginaram um dia!
Vou citar alguns desses breves momentos aqui para terem só uma pequena idéia...
Se for um parto “normal” (porque eu já assisti e aquilo não parece normal nem em outro planeta), a mulher vai sofrer dores que jamais sentiu e vai parir, muitas vezes sendo cortada e costurada. Seu corpo e seios estarão inchados e doloridos e ela mal vai poder sentar-se por alguns dias.
Se for uma cesariana, você voltará para casa parecendo que engoliu um balão de tão inchada. Sentirá dores até para respirar e andará meio que curvada por alguns dias, pelo peso dos seios que também estarão inchados e doloridos como também pelo corte na barriga que dói toda vez que você tenta andar ereta.
Em ambos os casos citados acima, tem ainda de brinde o “defecar”, você não sabe como é ficar com intestino preso e não poder fazer força porque está toda costurada ao mesmo tempo em que o organismo precisa expelir o que tá dentro... A primeira cagada depois desse processo é motivo de choro e alegria, porque dói pra lascar, mas é um alívio imenso quando sai.
Tudo dando certo, volta pra casa com seu bebe, que vai dormir tranquilamente por quase todo o dia, ficando acordado por quase toda a noite, e chorando por inúmeros motivos dos quais nunca saberemos ao certo, mas que tentaremos consolar com todas as nossas forças. E muitas vezes choraremos com eles, pelas dores do parto e também pelas dores deles.
O tempo vai passar ele vai crescer e vai requerer cada vez mais sua atenção. Ir ao banheiro é uma tarefa da qual você fará com companhia constante, atire a primeira pedra quem não levava o carrinho de bebe para a porta do banheiro pra ficar de olho no filhote.
Coisas como estudar e trabalhar? Você até pode continuar fazendo, se tiver quem tome conta do seu filho pra você.
Mas, tomando uma boa dose de REALIDADE, uma pessoa de baixa renda não tem condições de pagar uma babá e nem todo mundo tem a sorte de ter alguém de confiança para tomar conta do seu filho pra você.
Então, por alguns ANOS você ficará em casa tomando conta do seu filho. CRIANDO-O, EDUCANDO-O E AMANDO-O, isso é MATERNIDADE.
MATERNIDADE tem um preço muito alto! Dependendo da mulher, custa-lhe muito abrir mão dos seus planos, dos seus sonhos e da vida que possuía antes. É um desafio realinhar a vida em outros trilhos. Uma verdadeira MÃE é uma FÊNIX que ressurge das cinzas com o crescimento de seus filhos. Porque, mesmo abrindo mão da vida que possuía, ela encontra esperança, fé e coragem de sonhar outros sonhos e renasce das cinzas do que foi para o brilho de uma nova vida.
Agora PARIR é carregar uma criança no ventre pelo tempo determinado para seu nascimento e depois disto, jogar toda a responsabilidade de CRIAR para outra pessoa, que em muitos casos é a avó ou tias. Isso não é ser mãe, isso é PARIR. Porque muitas mulheres se gabam de serem mães pelo simples fato de carregar no ventre e parir, sendo que depois disso, suas vidas continuam. Seus sonhos, carreiras e relacionamentos continuam, como se nada houvesse acontecido. Não há laços maternos, não são mães, são genitoras.
Então é muito fácil criticar uma mãe que está sobrecarregada, triste e perdida por ter optado por carregar o fardo da maternidade, quando você sequer sabe o peso que é SER MÃE.
Aprendam uma coisa: Uma MÃE que não gosta da MATERNIDADE, NÃO é uma mãe que não AMA SEUS FILHOS. Como ser humano e mulher ela tem todo direito do mundo de não gostar de carregar um fardo tão pesado e sozinha, (porque muitos GENITORES estão presentes apenas na hora de fazer a criança) mas na hora de criar e educar de verdade, é A MÃE que está lá.
Eu não gosto da MATERNIDADE, porque ela me custou muito. Mas, AMO IMENSAMENTE MINHAS FILHAS, e não há prova maior de amor por elas do que ser a MÃE delas, porque eu poderia ter optado por apenas PARIR e continuar com minha vida, mas optei por cria-las, amando-as e renascendo com o crescimento e desenvolvimento delas.
Ps.: A Fênix é uma ave da mitologia grega que ao morrer, entrava em autocombustão e com o passar do tempo, renascia de suas próprias cinzas. Uma belíssima ave com plumagem de fogo. Outra característica da Fênix era que segundo os gregos, ela podia transportar cargas muito pesadas como elefantes, embora seu tamanho fosse um pouco maior que o de uma águia.
Abraço Fraterno,
Luciene Linhares

30 de Abril de 2017

segunda-feira, 24 de abril de 2017

DEPRESSÃO É FALTA DE DEUS (SÓ QUE NÃO)



DEPRESSÃO É FALTA DE DEUS (SÓ QUE NÃO)

Existem muitas coisas que uma pessoa com depressão odeia ouvir, mas esta é uma das piores! Eu sei, porque já ouvi e já perdi uma amiga por causa de julgamentos ridículos como este.
Antes de ter a uma crise de depressão profunda eu presenciei uma amiga na mesma situação, ela era de família católica e por motivos que eu desconheço, ela começou a se isolar e modificar de forma muito brusca o seu comportamento.
Ela começou a detestar pessoas que antes ela gostava muito, passou a não cuidar da própria aparência, um banho era motivo para interseção da mãe e muitas discussões. Seu apetite ao contrário do meu aumento e rapidamente ela praticamente dobrou de peso.
A família não entendia o porquê de tudo aquilo com a filha, mas como católicos praticantes começaram a ampliar o número de novenas e terços realizados em casa. E a filha piorando, não queria ficar na presença dos familiares, muito menos das pessoas que vinham para as sessões de reza em prol de sua “cura”.
Depois de muita reza de terço, perceberam que o quadro só se agravava, então, buscaram a ajuda dos evangélicos que vieram com a melhor das intenções, com Bíblias nas mãos eles oravam para que os espíritos malignos saíssem da vida daquela jovem e que ela pudesse ser feliz novamente. Numa dessas ocasiões, a jovem teve seu primeiro acesso de raiva e expulsou a todos da casa com todos os palavrões do dicionário de putaria...
Então, acharam que a coisa era mais séria e que um espírita poderia resolver o caso, e mais uma vez a equipe de resgate espiritual foi expulsa.
Todos diziam para os pais da jovem e para ela que era falta de Deus na vida dela, eles não conseguiam enxergar o quanto isso era prejudicial para a mesma, que ouvia os comentários sobre sua pessoa como se não estivesse lá. E aos poucos ela foi-se de verdade...
Ela se isolou dentro dela mesma, não falava ou interagia com mais ninguém. Entregou-se a sua tristeza e finalmente a família a levou para um psiquiatra, que a diagnosticou com depressão profunda, mas o quadro já tinha se agravado demais em tentativas vazias de buscas religiosas. Ela surtou e nunca mais voltou a ser nem a sombra do que foi um dia. As medicações a fazem dormir, mas não a trazem de volta a vida. Ela vegeta em seu próprio corpo. Minha amiga se foi, permanecendo aqui numa alma sem vida! Tudo porque acharam que ela não tinha Deus, quando na verdade, ela estava apenas doente, precisava de médicos e tratamento adequado, as rezas seriam bem vindas, se enxergassem que a depressão é uma DOENÇA e não falta de Deus!
Abraço fraterno,
Luciene Linhares

24 de Abril de 2017  

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Quem sou eu...


Boa noite, gente!
Essa sou eu! Haha
Sou comunicóloga, mãe de duas meninas, gaitera de paixão, e futura Psicológa! 
As crônicas e textos contidos nesta página e também no blogue são escritas por mim. 
No início quando comecei a escrever eu tinha vergonha de assinar meus textos, então lembrei das conversas com minha avó, quando ela contava algo pra nós, mas não queria dizer de onde vinha a conversa, então dizia: "Foi um passarinho que me contou!". Então, eu achei melhor ser o passarinho de minha avó, mas com o tempo e algumas situações que fui vivenciando, achei melhor dar nome e sobrenome ao passarinho, ou melhor, a passarinha que vos fala!
Meu nome é Luciene Linhares e o conversa de passarinho irá de agora em diante alçar novos voos! 
Saibam que é uma alegria ter cada um de vocês aqui na página e no blogue! 
Nem sempre o que escrevo agrada a todos, o que não é novidade, pois pensamos e sentimos o mundo de forma diferente, mas o mais importante é que sempre possamos manter o respeito ao outro!
Mudanças irão ocorrer de agora em diante no conteúdo, mas sugestões e críticas serão bem vidas, pois através delas é que crescemos!
Abraços fraternos!
Luciene Linhares

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Sequelas da depressão




Quando passamos por atendimento adequado e o nosso organismo finalmente começa a se restabelecer da depressão, começamos a enxergar as coisas mais claramente.
Conseguimos enxergar que muito do que vivemos naqueles dias não parece nos pertencer mais, conseguimos finalmente olhar no espelho de nossa alma e identificar que existe um ser humano ali, com falhas e virtudes, mas com muita vontade de viver.
Enxergamos as pessoas que estiveram ao nosso lado e também as que estiveram ao nosso lado sem estar de fato. A vida ganha mais sentido e o clichê de que nos tornamos mais fortes é respaldado pelo fato que conseguimos visualizar o que nos faz bem e o que nos faz mal. Quem agrega e quem diminui o que há de bom em nós. E com isso, ganhamos uma certa imunidade para batalhar no próximo combate.
A parte mais triste para um depressivo é o julgamento da sociedade, dos amigos e da família, que não conseguem entender a dimensão da dor que sentimos e preferem nos chamar de doido, preguiçoso, indeciso e tantos outros nomes pejorativos que em nada contribui.
Quando alguém adoece com pneumonia e fica acamado com febre, dores pelo corpo, falta de apetite e dificuldade para respirar todos se compadecem e correm para socorrer da melhor forma possível. Nós depressivos sentimos tudo isso e muito mais, sentimos a angustia de continuar vivendo quando nossa maior vontade é apenas dormir e não acordar mais. Mas, ninguém nos enxerga como pessoas doentes e muito carecidas de ajuda.
“NÃO ACORDAR MAIS!” É um clássico na depressão, talvez este seja um dos únicos desejos que restam na vida de quem não vê mais graça na vida: Apenas dormir e nunca mais acordar.
Porque ao acordar o mundo parece pesado demais para se carregar, seu peso é tão intenso que nos curva até a alma. Dói levantar, porque sabemos que nada mudou. Continuamos vivos e com os mesmos fantasmas que afligem nossa alma. Nossa dor é lacerante e dormir é um anestésico fabuloso para quem consegue este presente, pois em muitos casos a insônia é a companheira do depressivo. Ela está ali firme e forte por noites a fio, sugando cada gota de vontade de viver que ainda resta. Alimentando a mente já exausta de tantos pensamentos ruins de pensamentos ainda piores.
O dia amanhece, o despertador toca e você não sabe ao certo se dormiu ou mesmo se ainda vive de tão exausto que está, mas a vida continua, você tá só com “frescura”, nada mais que isso. Então, você junta o restinho de forças que tem, quando dá, toma um banho e mal penteia o cabelo. Coloca a primeira roupa que encontrar na bagunça que é o seu quarto e sai com um sorriso triste nos lábios.
Cumprimenta os amigos, tenta explicar a magreza ou gordura excessiva dos últimos meses, sorri para as piadas sem graça e finge viver por mais um dia. Quando alguém especial que realmente se importa com você te pergunta o que está acontecendo, você sorri e diz que é cansaço e que o trabalho tá te matando, porque você não quer preocupar aquela pessoa especial.
Os demais só perguntam por curiosidade e para dar as receitas milagrosas de felicidade absoluta que só serviria para você, porque vamos combinar, gente sem noção tem a solução para todos os problemas do universo, mas não conseguem resolver um problema com o marido em casa.
A depressão, meu caro combatente, é uma luta diária, na qual algumas vezes seremos fortes o bastante para não ser atingido e em outras ocasiões o inimigo pode nos pegar de forma vulnerável e nos atingir em cheio. Então, é necessário vigiar e porque não, orar! E quando atingido, buscar socorro urgente, pois quanto mais rápido for tratado, menos sequelas teremos.
Eu demorei muito para buscar ajuda, fiquei com síndrome do pânico e ansiedade. Dois distúrbios que debilitam e paralisam a vida de uma pessoa se não for tratada também.
“Ansiedade é frescura”, coisa de quem não tem o que fazer. Falta de fé em Deus, pois o amanha pertence a Ele. Pra quê tu vai ficar pensando em coisas que nunca vai acontecer? Relaxa! Deixa de bobeira e para com essa neura. Deita e dorme. (É isso que a maioria das pessoas pensam).
Mas, quantas sabem como uma pessoa ansiosa se sente de verdade?
Poucas?
Pois, vou lhes contar como é frescura! É muita frescura deitar exausta na cama e não conseguir dormir porque o pensamento está acelerado bem como o seu coração. E um pessimismo alucinante te dominar achando que todos os seus temores se tornarão reais a qualquer momento. Acreditando de verdade que o seu maior pesadelo pode ser real a qualquer instante.
Ansiedade é lutar contra a sua própria mente para expulsar os pensamentos sufocantes e muitas vezes ser vencida por eles a ponto de perder os sentidos. Sim, quando a ansiedade chega no limite do pânico, você perde o controle do que é real e imaginário e seus medos te fazem sufocar, seus pulmões doem de tanto que você tenta fazê-los funcionar, pois eles parecem enrijecidos, o ar tem dificuldade de circular, por mais que você se esforce para isso. Daí, teu coração começa a acelerar e depois vai baixando os batimentos cardíacos, porque tua pressão arterial começa a cair e você já não escuta mais o barulho ao redor. E seus olhos já não enxergam o lugar onde está, porque o pânico te dominou. Você apaga! Desmaia! E quando acorda tem gente estranha ao seu lado, te olhando curiosa sem entender o porque de você ter passado mal.
Pouco a pouco, você começa a ouvir e ver tudo e constrangida se levanta e segue o seu caminho, se culpando pelo constrangimento de ter desmaiado de medo e ansiedade.
É! Você ainda se sente culpada por ter passado mal, afinal foi só coisa da sua cabeça. Até você acredita nisso, de tanto que as pessoas falam. E por vergonha de assumir o real motivo de seu desmaio, você muitas vezes mente para todos dizendo que foi uma queda de pressão porque não teve tempo de se alimentar direito no café. Mas, você sabe que não foi isso que te derrubou, não foi falta de alimento que te deixou fraca, mas a doença que você carrega silenciosamente, como quem tem um câncer em estágio final e opta por não se tratar por acreditar que o tratamento seria uma perda de tempo e causa de maior sofrimento.
SÓ QUE NÃO É UM CÂNCER EM ESTÁGIO FINAL é só a ansiedade e o pânico te roubando o direito de viver. Existe tratamentos para isso, é só querer. E o mais importante, acreditar que vai conseguir vencer! Parte da cura tá no tratamento a outra parte está em você buscá-lo!
Vamos se cuidar minha gente e mostrar pra essa gente que frescura e preguiça é o que eles possuem, pois não se dão ao trabalho de se informar sobre as doenças e suas sequelas, preferem como sempre julgar e apedrejar o que não entendem!
Abraços fraternos

Luciene Linhares
06 de Abril de 2017

quinta-feira, 13 de abril de 2017

O GATILHO DA DEPRESSÃO



Antes de qualquer coisa, quero DEIXAR BEM CLARO QUE NÃO POSSUO QUALIFICAÇÃO ACADÊMICA PARA AVALIAR E TRATAR NINGUÉM!
Mas, quero compartilhar com vocês as minhas experiências sobre depressão e alguns outros transtornos psicológicos que tive no decorrer de minha vida e outros tantos que me acompanham até hoje.
A depressão ainda é um tabu na sociedade pelo fato de que muitos por desconhecerem este problema como uma doença tratável e controlável como tantas outras, preferem julgar e muitas vezes descriminar o indivíduo que já está mal, como doido, preguiçoso, mal agradecido e por aí vai...
Eu tive depressão e a grande maioria dos meus amigos sequer perceberam e os parentes mais íntimos, percebiam que havia alguma coisa errada, mas preferia ignorar ou julgar de alguma forma o que eles jamais poderiam supor que eu estava sentindo.
A depressão e devastadora, mas existe algo ainda pior de enfrentar, o julgamento de quem não entende o que nós sentimos.
Os mais religiosos julgam dizendo que você deve procurar Deus (não que isso seja errado), mas não é a falta de Deus que nos debilita, mas um conjunto de fatores físicos, biológicos e psicológicos.
Outros nos julgam ingratos porque invejam a nossa vida e ao olhar para o que possuímos não conseguem acreditar que estamos “tristes” mesmo estando “tão bem”, estas pessoas não conseguem enxergar que nós não conseguimos enxergar o valor do que possuímos naquele momento por motivos que citei acima e não porque somos pessoas terríveis, incapazes de reconhecer tudo que o universo nos proporciona.
Tenho muitos amigos que já tiveram ou que estão deprimidos no momento e conversando com eles percebi que todos possuem um gatilho: algo em especial que ativa a depressão. Este gatilho, ou motivo, quando acionado vem com força total e por mais que você seja uma pessoa inteligente e racional, você simplesmente não consegue se desconectar dos pensamentos doentios por ele disparados.
Quando minha filha caçula tinha dois anos, ela passou por uma fase de doenças infantis que a levaram a muitas internações, exames e muito sofrimento. Este foi e é o meu gatilho depressivo.
Por longos seis meses fiquei muitos dias direto com ela no hospital, ela era um bebê e eu uma mãe cuidadosa, eu cochilava sentada numa cadeira enquanto segurava o braço ou perna dela para que não perdesse a veia e ter que furar novamente, pois cada acesso perdido era um tormento para mim, talvez mais para mim do que para ela, pois a dor de um filho dilacera a alma de sua mãe.
Nesse período, médicos despreparados e sem humanidade me fizeram perder o chão ao dizer que suspeitavam que minha filha estava com câncer e que se no raio x desse um alargamento do mediastino, seria câncer. Eu fui buscar este exame em prantos, lembro que ao receber o exame eu tremia tanto e chorava que não tinha coragem de ver o  que estava lá, mas abri e ela não tinha nada, absolutamente nada, graças a divindade.
No período de internação eu conheci o melhor e o pior do ser humano, médicos desumanos e enfermeiros e acompanhantes que foram pra mim, mais do muitos de minha própria família. A generosidade, a compaixão e o amor são a base daqueles quartos por vezes tão tristes.
Na época não possuíamos plano e o foi o melhor plano de Deus pra mim, pois no plano ficamos em apartamentos reservados, entregues apenas a equipe do hospital, mas nas enfermarias do SUS eu conheci o que chega mais perto do amor fraterno, pois todos se ajudavam. Uma mãe ajudava a outra, uma mãe dava força pra outra e as que tinham um pouco mais, dividiam com as que não tinham. Eram uma só força, um grande elo de vibrações positivas em prol das crianças que ali estavam. Embora esta experiência tenha deixado profundas cicatrizes em minha alma, eu sou grata pelo privilégio de ter conhecido um lado do ser humano que é raro de se ver aqui fora, quando tudo está bem.
As noites nos hospitais são longas, frias e inquietantes. A porta fica sempre aberta e tem sempre uma criança ou outra chorando, uma medicação ou outra para ser injetada. Pacientes chegam, outros partem. Mas, jamais esquecerei o grito de uma mãe que perdeu seu filho, não tive coragem de ir visitar, pois foi no quarto ao lado, mas a ala inteira ouvia seus uivos de dor. Todas nós choramos, pois a dor dela também era nossa.
Com o tempo minha filha foi crescendo e descobrimos que ela graças a Deus não tinha nada! Era só o sistema imunológico baixo devido um abalo emocional, pois ela adoeceu quando eu voltei a estudar. Descobri isso quando estava em completo desespero, quando nada mais fazia sentido pra mim, porque eu acreditava que minha filha não iria sobreviver.
Eu parei de comer e emagreci 20 kg em seis meses, parei de dormir, tirava apenas cochilos com pesadelos. Parei de raciocinar sobre tudo ao meu redor, eu só pensava na minha filha e nas possíveis doenças dela.
Eu lembro de alguma coisas dessa época, outras se apagaram. Lembro que alguns amigos tentavam conversar comigo para me ajudar, mas eu simplesmente ouvia o que eles diziam, mas não conseguia racionalizar o que falavam. A mensagem ficava girando em meu cérebro sem fazer sentido algum.
Eu passei a odiar todas as atividades que antes gostava de fazer e nada absolutamente nada me dava prazer. Meu foco era a minha filha.
Eu fazia planos de suicídio caso ela viesse a morrer, porque nada mais importava.
Minha vida desmoronou. Eu fiquei precisando de cuidados, uma tia a quem amo demais ficava a maior parte do tempo comigo, no fundo eu acho que ela tinha medo que eu me matasse, então sempre achava um jeito de ficar ao meu lado. Ela orava por mim, chorava comigo e me incentivava a lutar contra aquilo que eu sentia.
Então, fui ao psiquiatra e falei para ele tudo que estou escrevendo para vocês agora. Ele conversou comigo por uma hora, era além de psiquiatra um ótimo psicanalista, conversamos e com o jeito manso de falar ele foi me explicando o que eu estava sentindo e mostrando que as coisas que eu estava pensando faziam parte da minha imaginação, que o meu medo era fruto do excesso de amor e que eu precisava trabalhar isso, mas me receitou antidepressivos, calmantes para que eu  pudesse dormir e vitaminas porque eu não estava me alimentando.
Fiquei indo uma vez por mês para a terapia e me apaixonei por este processo de cura pela conversa, motivo pelo qual estudo a psicanalise até hoje e pretendo ainda trabalhar com isto.
As medicações foram sendo retiradas pouco a pouco, no que ele chama de desmame, pois como são controladas e causam dependência, não podem ser suspensas de forma abrupta, pois causaria abstinência.
Superei a depressão com a terapia, a medicação e o amor de minha tia!
Ficaram algumas sequelas que contarei ao longo do blogue!
Abraços Fraternos,

Luciene Linhares

quarta-feira, 12 de abril de 2017

REMÉDIO DE DOIDO É OUTRO NO BLOGUE



O que fazer quando você não sabe o que fazer?
Não há clichê mais utilizado do que este para os dias de desânimo! Acredito que todos já passamos por isso, e não é fácil enxergar um caminho na névoa da desesperança.
Todos nós temos inúmeros talentos e afinidades, mas há momentos em que eles parecem não fazer sentido algum!
Porque você começa a se perguntar para quê o universo te concedeu tantos talentos se você não está fazendo uso deles nem para proveito próprio, muito menos para o próximo, pois acorde coleguinha, nada disso aqui é de graça!
Acredite! Tudo, absolutamente tudo que você possui de dons é para o bem comum, e isso não é conversa de doido que vê o mundo cor de rosa com brisas de borboletas lilás purpurina! Viemos para este mundo para aprendermos diversas lições e também para ensinar muitas outras.
Ninguém é absoluto que não possa acrescentar algo ou tão inútil que não posso contribuir com algo, nem que seja com uma decepção que fará o outro a aprender a viver de forma mais “ligada”.
Então, voltando para o início, nada mais justo do que vocês saberem porque este bendito blogue nasceu a esta hora da noite!
Então. 2, a minha pessoa descobriu que não vai poder participar do mestrado dos meus sonhos porque não há bolsas de estudo disponíveis  e com a minha condição financeira, duas filhas menores de idade e a total falta de controle emocional que tenho quando estou longe de minhas crias seria impossível ir sem elas e com elas sem verba não dá.
Eu poderia dizer que foi-se mais um sonho, mas eu prefiro dizer que chegará uma nova oportunidade ainda melhor, porque creio na força das coisas que nos cercam, apesar de nem sempre acontecerem como desejamos.
Vou continuar estudando sobre o assunto do mestrado, porque é uma paixão, mas vou dialogar com vocês sobre um tantão de coisas que permeiam este meu mundinho tão conturbado e às vezes triste.
Se tu curte gatos (de quatro patas, principalmente! Haha), livros, make, artesanato em geral e além de tudo isso tu já teve, tem ou tem algum amigo que tem depressão e transtornos de ansiedade e pânico, traz ele pra cá! Porque iremos conversar sobre tudo isso e mais um pouco!
O blogue tem essa proposta, mas estou completamente aberta a sugestões e críticas também, porque ninguém é perfeito! Rs.
Quero deixar claro que NÃO SOU ESPECIALISTA EM DEPRESSÃO, NÃO POSSUO CURSO DE PSICOLOGIA OU PSICANÁLISE, mas sou uma curiosa do assunto, afinal, é algo que de vez em quando teima em me atormentar!
Sejam bem vindos, afinal, dizem que remédio de doido é outro na porta, então no nosso caso, quem sabe remédio de doido é outro no blogue!
Abraço fraterno
Luciene Linhares

30 de Março de 2017