domingo, 30 de abril de 2017

A DIFERENÇA ENTRE SER MÃE E PARIR



A DIFERENÇA ENTRE SER MÃE E PARIR

Quando alguém chega perto de mim e fala que está grávida, eu não consigo sorrir e dizer: “Nossa! Parabéns! Que felicidade!”.
Lamento, mas meu nível de falsidade e hipocrisia não chega nesse nível! Eu juro que tento ser simpática ao extremo e segurar um monte de coisas que me passam pela cabeça no momento, então, no máximo eu falo: “Que Deus a abençoe e que venha com saúde!”. (Falo isso fazendo uma careta e levantando a sobrancelha. Como eu sei disso? Porque minha própria filha diz depois! (Mamãe, tu tava com cara de nojo de novo! Deu pra perceber!)).
Aí, você, que não tem filhos e que acha esse mundo de bebes e maternidade uma coisa linda, colorida e fofa, deve estar pensando agora: “Essa nojenta é uma coração de pedra! Uma safada que não tem amor por ninguém! Uma mulher sem sentimentos que não sabe o “valor” da maternidade!
Colega, EU SEI O REAL VALOR DA MATERNIDADE!
Porque para que a MATERNIDADE exista, parte da MULHER tem que morrer pra dar vida a MÃE!
E é nesse exato momento que as “amáveis defensoras da maternidade” CORREM. Simplesmente pulam fora, sabe?
Porque ser MÃE não é parir, colegas! Ser mãe é abrir mão de sua vida para adaptá-la ao ser que você trouxe ao mundo. E aí o bicho pega!
E as “adoráveis” “mamães” de ensaios fotográficos e declarações de amor verdadeiro, se veem numa realidade totalmente diferente do que imaginaram um dia!
Vou citar alguns desses breves momentos aqui para terem só uma pequena idéia...
Se for um parto “normal” (porque eu já assisti e aquilo não parece normal nem em outro planeta), a mulher vai sofrer dores que jamais sentiu e vai parir, muitas vezes sendo cortada e costurada. Seu corpo e seios estarão inchados e doloridos e ela mal vai poder sentar-se por alguns dias.
Se for uma cesariana, você voltará para casa parecendo que engoliu um balão de tão inchada. Sentirá dores até para respirar e andará meio que curvada por alguns dias, pelo peso dos seios que também estarão inchados e doloridos como também pelo corte na barriga que dói toda vez que você tenta andar ereta.
Em ambos os casos citados acima, tem ainda de brinde o “defecar”, você não sabe como é ficar com intestino preso e não poder fazer força porque está toda costurada ao mesmo tempo em que o organismo precisa expelir o que tá dentro... A primeira cagada depois desse processo é motivo de choro e alegria, porque dói pra lascar, mas é um alívio imenso quando sai.
Tudo dando certo, volta pra casa com seu bebe, que vai dormir tranquilamente por quase todo o dia, ficando acordado por quase toda a noite, e chorando por inúmeros motivos dos quais nunca saberemos ao certo, mas que tentaremos consolar com todas as nossas forças. E muitas vezes choraremos com eles, pelas dores do parto e também pelas dores deles.
O tempo vai passar ele vai crescer e vai requerer cada vez mais sua atenção. Ir ao banheiro é uma tarefa da qual você fará com companhia constante, atire a primeira pedra quem não levava o carrinho de bebe para a porta do banheiro pra ficar de olho no filhote.
Coisas como estudar e trabalhar? Você até pode continuar fazendo, se tiver quem tome conta do seu filho pra você.
Mas, tomando uma boa dose de REALIDADE, uma pessoa de baixa renda não tem condições de pagar uma babá e nem todo mundo tem a sorte de ter alguém de confiança para tomar conta do seu filho pra você.
Então, por alguns ANOS você ficará em casa tomando conta do seu filho. CRIANDO-O, EDUCANDO-O E AMANDO-O, isso é MATERNIDADE.
MATERNIDADE tem um preço muito alto! Dependendo da mulher, custa-lhe muito abrir mão dos seus planos, dos seus sonhos e da vida que possuía antes. É um desafio realinhar a vida em outros trilhos. Uma verdadeira MÃE é uma FÊNIX que ressurge das cinzas com o crescimento de seus filhos. Porque, mesmo abrindo mão da vida que possuía, ela encontra esperança, fé e coragem de sonhar outros sonhos e renasce das cinzas do que foi para o brilho de uma nova vida.
Agora PARIR é carregar uma criança no ventre pelo tempo determinado para seu nascimento e depois disto, jogar toda a responsabilidade de CRIAR para outra pessoa, que em muitos casos é a avó ou tias. Isso não é ser mãe, isso é PARIR. Porque muitas mulheres se gabam de serem mães pelo simples fato de carregar no ventre e parir, sendo que depois disso, suas vidas continuam. Seus sonhos, carreiras e relacionamentos continuam, como se nada houvesse acontecido. Não há laços maternos, não são mães, são genitoras.
Então é muito fácil criticar uma mãe que está sobrecarregada, triste e perdida por ter optado por carregar o fardo da maternidade, quando você sequer sabe o peso que é SER MÃE.
Aprendam uma coisa: Uma MÃE que não gosta da MATERNIDADE, NÃO é uma mãe que não AMA SEUS FILHOS. Como ser humano e mulher ela tem todo direito do mundo de não gostar de carregar um fardo tão pesado e sozinha, (porque muitos GENITORES estão presentes apenas na hora de fazer a criança) mas na hora de criar e educar de verdade, é A MÃE que está lá.
Eu não gosto da MATERNIDADE, porque ela me custou muito. Mas, AMO IMENSAMENTE MINHAS FILHAS, e não há prova maior de amor por elas do que ser a MÃE delas, porque eu poderia ter optado por apenas PARIR e continuar com minha vida, mas optei por cria-las, amando-as e renascendo com o crescimento e desenvolvimento delas.
Ps.: A Fênix é uma ave da mitologia grega que ao morrer, entrava em autocombustão e com o passar do tempo, renascia de suas próprias cinzas. Uma belíssima ave com plumagem de fogo. Outra característica da Fênix era que segundo os gregos, ela podia transportar cargas muito pesadas como elefantes, embora seu tamanho fosse um pouco maior que o de uma águia.
Abraço Fraterno,
Luciene Linhares

30 de Abril de 2017

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