Para uma vida amarga,
doces pessoas...
Há
alguns dias eu sentia uma imensa vontade de escrever, mas não sabia ao certo o
que dizer, talvez porque eu ainda não sabia para quem dizer. Tenho amigos,
alguns de longa data e muitíssimo carinho e afinidade, mas tem momento que não
sinto vontade de compartilhar o que estou sentindo com ninguém que eu conheço.
Desde
que minha filha foi diagnosticada com DM1 (Diabete Mellitus do tipo 1, ou diabetes
infantil, como é mais conhecida) meu mundo meio que ficou de pernas para o ar.
Tivemos que nos adaptar a uma nova rotina de alimentação balanceada, verificações
de glicemia, insulinas, consultas ao médico e muita, muita dúvida e medos.
A
internet foi uma ferramenta fabulosa para nós, pois buscamos informações e
também apoio nos grupos específicos para pais e crianças com DM1. O novo sempre
assusta, ainda mais quando vem acompanhado de muitas furadas e injeções, mas o
novo também nos dá a oportunidade de crescimento e fortalecimento de uma parte
de nós que jamais enxergaríamos se não tivéssemos que passar pelo “novo”.
Nessa
“nova” caminhada que estou trilhando com minha filha, tive a oportunidade de
conhecer histórias de vidas fabulosas de pessoas que mesmo distante se fizeram
tão presente através das redes sociais, com seus relatos e palavras de apoio,
esclarecimento, carinho, generosidade e cuidado.
As
“Docinhos” (como são conhecidas as pessoas com diabetes), realmente conseguiram
adoçar a minha vida, que naquele momento estava tão amarga. Seria hipócrita se
dissesse que tudo está bem e que não tenho momentos de medos e tristeza, mas me
sinto confortada, acolhida e esperançosa ao ver que tantas outras pessoas
passam pelo mesmo dilema que o nosso, mas que conseguem viver bem e feliz.
Em
resposta ao meu desabafo no grupo, muitas “Docinhos” e também “Doces mães”,
vieram em meu socorro, cada uma com seu relato de forma imensamente carinhosa e
sensível. Vocês, foram o bálsamo para a minha ferida, uma luz na escuridão de
minha ignorância quanto ao assunto e a renovação de minha esperança e fé de que
tudo ficará bem e que minha “Docinho”, crescerá linda, forte, delicada e lutadora.
Em
nossa cidade, temos pouquíssimas opções de comida diet, as mais “renomadas”
docerias esquecem que existe uma parcela significativa de pessoas que não podem
ingerir açúcar, verificamos isso na prática, procurando por opções para comer. Minha
amada “Docinho”, em sua pouca idade (10 anos) percebeu isto de forma mais
prática e funcional, decidiu que vai cursar gastronomia e que vai abrir uma
doceria com produtos para diabéticos. Vira e mexe, lá está ela buscando
receitas e informações sobre alimentos para diabéticos. Até já criou uma
receita própria de bolo de caneca diet com banana.
Incrível
como Deus capacita as pessoas para vivenciar os desafios impostos pela vida,
como peças de um grande quebra cabeça, cada peça (pessoa) vai dando sentido aos
acontecimentos que se seguem. E aos poucos, tudo vai se transformando e ficando
mais belo!
Gratidão
a todos!!
Luciene
Linhares
29
de Março de 2018