Caminhando
para o abismo
Ontem
à noite quando estava indo para a faculdade vi no ponto de ônibus um gatinho
preto, ele caminhava com certa dificuldade e um de seus olhos estava furado. O
gato passou por todas as pessoas que estavam na rua e entrou num portão de uma
escola. Observei aquilo com o coração partido, mas eu já estava muito atrasada
para uma aula que eu não poderia perder, pois teríamos uma avaliação durante a
aula.
Entrei
no ônibus com o pensamento no gato e na dor que ele deveria estar sentido, mas
assim como ele segui meu caminho. Cheguei atrasada com uma atividade já em
curso, assisti a primeira aula e na segunda aula o professor passou um vídeo
sobre consumo consciente e pediu para que escrevêssemos nosso posicionamento a
respeito do tema, ele queria saber se nós acreditávamos se isso um dia seria
possível ou não.
Infelizmente
não tive dúvidas em me posicionar contrária a esta ideia. Eu realmente não
acredito que possamos chegar a um nível de consciência que nos permita colocar
o planeta em seu devido lugar, que é o primeiro. NÓS estamos destruindo os
recursos naturais, NÓS estamos nos matando de todas as formas possíveis.
NÓS,
porque não é só quem lucra em cima disto que tem culpa, TODOS NÓS temos uma
parcela de culpa. Permitimos que isto aconteça, nos calamos, fechamos os olhos
para a dor do outro e seguimos nossas vidas em busca de coisas tão vazias
quanto nós.
A
tragédia que ocorreu em Minas Gerais é um exemplo de nossa cegueira e
permissividade, as vidas que se foram e as vidas que ficaram em frangalhos por
ter perdido tudo que construíram ao longo de anos e até pessoas que amavam, não
passam de gatos pretos caminhando com dificuldade pelas ruas da vida para nós.
Logo esqueceremos. Logo tudo passa...
E
como se não bastasse tanta ignorância, tanta falta de sensibilidade e respeito
a dor do outro, ainda ficam com joguinhos ridículos nas redes sociais tentando
mensurar qual dor dói mais. Não interessa se é Paris, Minas ou o Sertão
Nordestino, a dor do outro é sempre dor.
Não
acredito que acordaremos a tempo de salvar o que restou do mundo, de nós, do amor.
Luciene
Linhares
17
de Novembro de 2015