No limiar da dor
Tão
impossível quanto mensurar a dor alheia é determinar o tempo pelo qual ela vai
permanecer. Em outro texto eu falei dos abusos que uma amiga sofria em seu
relacionamento e do quanto aquilo tudo me aborrecia, mas eu não podia sentir e
muito menos agir, por ela.
Não
podemos carregar o fardo que pertence ao outro...
Essa
é uma tarefa muito difícil de realizar quando vemos alguém sofrendo ao nosso
lado, mas há coisas e situações, que apenas as pessoas envolvidas podem
resolver. E para minha alegria, recebi a notícia de que ela finalmente saiu
daquele relacionamento abusivo. Ela saiu no tempo dela, da forma que achou
melhor e hoje está vivendo uma nova fase de sua vida, na verdade, ela finalmente
está vivendo...
Eu
tive o desprazer de assistir a uma sessão de xingamentos que tinha como único objetivo,
minar a autoestima da minha amiga. O marido dela a fazia sentir-se como um
lixo, pois só assim ela estaria no mesmo patamar ao qual ele pertence.
Trazê-la
para baixo com frases do tipo: “você é muito feia!”, “você está gorda demais!”,
“que mulher mais desmantelada é essa!”, “onde eu estava com a cabeça quando me
casei com você?”, “você é muito burra!”; era a forma que ele tinha de manipula-la.
Fazê-la
acreditar que não possuía valor, que era feia, burra e desmantelada, nada mais
era, do que, uma estratégia covarde de domínio e submissão. De tanto ouvir
aquilo, ela acabou acreditando! E com isto, ela achava que estar ao lado dele
era a melhor coisa a ser feita, a sua melhor opção. Afinal, quem iria querer
uma mulher feia, burra e desmantelada?
Os
dias foram passando e a minha amiga ia se tornando aquilo que o covarde
projetou nela. Ela se deixou abater e não se cuidava mais. Sua vida se resumia
a trabalhar muito para manter o seu marido. Engraçado, né?!... Um homem tão inteligente e cheio de virtudes
era incapaz de se manter financeiramente e precisava da ajuda da esposa para se
bancar.
Este
mesmo homem também possuía um gosto para jogos e diversões que tomavam muito do
seu tempo, “impossibilitando-o de estudar e buscar algo melhor”.
Enquanto
ele se divertia e a chamava de burra, ela se qualificava e crescia.
O
mais intrigante é que ele a destruía com palavras ao mesmo tempo em que a
acusava de traição. Se ele a considerava uma mulher tão feia, gorda e sem
valor, porque tinha ataques de ciúmes?
Porque
ele sabia o real valor da pessoa que estava ao lado dele. Sabia também que
tinha revertido os valores para manter a vida confortável. E sabia que no dia
em que ela enxergasse tudo o que ele covardemente fez, o relacionamento teria
um fim e ela voltaria a viver de forma plena, enxergando no espelho a baita
mulher que é. E foi isso o que aconteceu!
Eu
gostaria de dizer a vocês que ela despertou de repente e que viu o lixo que ele
era, mas não foi um processo tão simples assim. Ela foi enxergando aos poucos,
sempre relutando para não ver a verdade, pois o medo da solidão a incomodava, o
medo do desconhecido a apavorava! E sair de uma relação de anos é algo assustador
mesmo!
Mas,
um certo dia ela viu no computador, as provas de uma traição dele e finalmente
ela o enxergou de verdade, e viu que não queria mais estar ao lado de alguém
tão feio, burro e sem caráter. “O feitiço” de manipulação se quebrou e minha
amiga refez sua vida de forma leve e feliz!
Ei,
psiu! Você que está lendo isso agora e se viu na situação de minha amiga, não
espera uma traição para enxergar a sua beleza! Não permita que te rebaixem
apenas para se manterem no mesmo nível num relacionamento.
A
gente ama o que admira...
Então,
se não valoriza, não é amor!
Luciene
Linhares
24
de Setembro de 2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário