domingo, 28 de julho de 2013

O gosto da felicidade




O gosto da felicidade

Saudade é de verdade um bichinho que rói agente por dentro, abrindo buracos que o tempo insiste em manter.
Quando criança vive momentos que de tão belos se tornaram eternos em mim. Tardes de conversas animadas no terraço da casa de minha avó, o café bem quentinho, bolachas amanteigadas e muito carinho.
Meu avô sentava-se ao meu lado e punha-se a contar inúmeras histórias que ele ouvira quando criança, na verdade era um pouco dele sendo doado pra mim. Guardo também na memória estes presentes que meu avô tão gentilmente passou para mim.
Bonecas com caras de bonecas (hoje a maioria delas possui caras estranhas, seguindo os padrões estabelecidos pela tv), pipas, pião, bolinhas de gude, cadernos e lápis, este era um arsenal, que permitia a criatividade ser exercida em sua plenitude na minha infância.
Não existia celular, smartphone, tabletes e todas estas tecnologias que hoje aproximam as pessoas, mas isto não impedia que tivéssemos belas e verdadeiras amizades. Tenho uma amizade que graças a Deus sobrevive há mais de 20 anos e nosso meio de contato na infância era o grito por cima do muro de nossas mães. Eu gritava, ela respondia e agente saia pra brincar no campinho em frente de casa. Com o compromisso de voltar antes do anoitecer, sobre pena de encarar nossas mães e ficar de castigo pelos próximos dias.
A vida era menos virtual e bem mais real...
Jogávamos bola, andávamos de bicicleta, conversávamos por horas a fio sem pressa de acabar. Repassávamos as mesmas conversas procurando outra ótica que pudesse explicar, caso achássemos que era um problema e assim íamos vivendo, aprendendo e sendo felizes, sem motivos e por isto, com todos os motivos do mundo pra ser feliz.
  Há! Havia as fofoqueiras de plantão nas janelas, observando e passando a frente tudo quanto ouviam, viam e imaginavam ter visto e ouvido. Hoje, isto foi substituído pelo facebook, que é a nossa fofoqueira de plantão e com a DESvantagem de estar online 24 horas por dia, todos os dias. As primeiras, pelo menos davam uma trégua de vez em quando...
Tive uma infância com pouca ou quase nada de tecnologia, mas muito, muito carinho e motivos reais para ser feliz.
Não tem jeito, eu gosto do que é simples, que fala ao coração.
Gosto de gente que olha no olho, que abraça apertado, que enxerga com o coração.
Gente que sabe o valor de uma amizade, e principalmente, sabe o valor que a vida tem.
Não é o carro importado, a roupa de grife ou a conta bancária que te faz melhor, é o que você carrega no peito.
 É nas conversas animadas de fins de tarde, que saboreamos não só o gosto do café quentinho, mas o gosto da vida. Amigos são sempre bem vindos, ainda mais se for  do face... face a face!

Conversa de Passarinho

28 de Julho de 2013