Pra onde iremos?
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E aí, hoje agente vai sair?
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Não sei...
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A matinê hoje é com aquele cantor de seresta!
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Minha mulher vai fazer zuada!
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Mas, você nunca se importou muito com o que ela pensa, vai me dizer que agora
se importa?
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Mas, é que agora ela está de cama...
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E se ficar em casa com ela você também vai ficar!
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Mas, é que eu me sinto culpado...
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Vamos! Deixe de ser melindroso! A culpa de tudo estar assim é dela mesmo! Quem
mandou tentar bater em você! Terminou quebrando o fêmur! E na idade dela isto é
uma sentença de cama...
Toda
esta conversa acima seria uma briga de casal normal com um intrometido tentando
opinar, isto se os protagonistas não tivessem mais de 75 anos!
Pois
é, escutei sem querer a conversa dos dois velhinhos que estavam sentados nas
poltronas atrás de mim.
Senti
um misto de irritação (afinal, sou mulher e defendo com unhas e dentes a nossa
classe) e diversão (não é todo dia que encontramos dois velhinhos tão animados
e cheios de vida assim).
Caramba!
Eu tenho metade da idade deles ou até menos e no final de uma tarde de
sexta-feira estou cruzando os dedos pra ter pouco serviço e pra cama ser minha
fiel companheira o mais cedo possível, enquanto os velhinhos estavam discutindo
a farra que fariam no final de semana!
Ao
longo da conversa pude ouvir que a esposa de um deles tinha sofrido uma queda
feia ao tentar bater no fujão que tinha ido pra farra dançar. Isto mesmo!
Dançar!
Há
quanto você não dança? Se é que já dançou algum dia... (Risos)
Brigas
matrimoniais a parte, os velhinhos estavam certos sobre muitos aspectos. O mais
importante deles é manter a alegria de viver. Para onde eles foram naquela
noite, eu não sei, mas tenho certeza que para onde quer que vá, levarão a
alegria de estar vivo. E isto, basta a qualquer um em qualquer lugar.
Conversa
de passarinho
06
de Outubro de 2013