quarta-feira, 18 de junho de 2014

A cada dia crescemos juntas





A cada dia crescemos juntas

Amanhã é o aniversário da minha filha mais velha, ela fará onze anos. Muitas vezes me pego olhando para ela e fico pensando como tudo mudou desde que ela entrou em minha vida...
Há onze anos eu estava aterrorizada num quarto de hospital, sentindo as dores de um parto que demoraria cerca de doze horas, para só então decidirem fazer uma cesariana. A agonia da espera e o medo do que viria pela frente não fez sentido algum quando ouvi o som mais belo e significativo de minha vida, o choro de minha filha ao nascer.
Noites sem dormir, ora porque ela acordava, ora porque meu amor era tamanho, a ponto de me pegar admirando o seu sono.
As primeiras doenças da infância me renderam alguns cabelos brancos, as primeiras quedas doíam mais em mim do que nela...
O primeiro dia na escolinha trouxe outro significado para a palavra solidão. A casa estava vazia e silenciosa demais. E ela ensaiava seus primeiros passos na caminhada escolar.
Mas, o tempo é como um rio que segue lentamente sem fazer alarde, quando você menos espera ele tem levado o que agora a pouco estava aqui.
E hoje olho para ela e é quase uma mocinha, um projeto de ser humano em construção. Um projeto do qual eu me esforço para colocar os melhores materiais possíveis, meus tijolinhos de respeito e honestidade, afinal sou também um projeto em construção.
Com ela aprendi que os filhos não estão aqui apenas para que nós possamos passar ensinamentos para que eles possam seguir pela vida, somos abençoados com filhos para que possamos aprender o que não sabemos.
Com minhas filhas aprendi o que é generosidade, cedendo para ela o que era meu, aprendi o que é paciência, aguentando o enchimento de saco que todo ser pratica, ainda mais sendo criança.
Aprendi o que é fé, quando ela adoecia e este era o meu recurso para acreditar em dias melhores.
Aprendi com minhas filhas o que realmente importa nesta vida é ter paz, pois este sim é o mais precioso bem que uma pessoa pode ter.
Com os filhos aprendemos o real significado do amor, o amor tão puro e verdadeiro do qual Cristo nos ensinou.
Não amamos um filho como a nós mesmos, amamos nossos filhos acima de nós mesmo. Excedemos em amor e este é o tipo de exagero que só faz bem!
Olho para ela e brinco dizendo que ela está muito velha e que isto não dá muito certo, porque significa que eu estou ficando velha também, mas na verdade, quando olho para ela crescida e praticando os valores que eu ensinei, não me sinto velha, me sinto realizada.
A cada passo certeiro que ela dá, o meu caminho também se traça.
Deus nos presenteia com pequenas mudinhas, pingos de gente aos nossos cuidados, cabe a nós zelarmos para que se tornem belas árvores e que possam também dar bons frutos.

Luciene Linhares
18 de junho de 2014