A cada dia crescemos juntas
Amanhã
é o aniversário da minha filha mais velha, ela fará onze anos. Muitas vezes me
pego olhando para ela e fico pensando como tudo mudou desde que ela entrou em
minha vida...
Há
onze anos eu estava aterrorizada num quarto de hospital, sentindo as dores de
um parto que demoraria cerca de doze horas, para só então decidirem fazer uma cesariana.
A agonia da espera e o medo do que viria pela frente não fez sentido algum
quando ouvi o som mais belo e significativo de minha vida, o choro de minha
filha ao nascer.
Noites
sem dormir, ora porque ela acordava, ora porque meu amor era tamanho, a ponto
de me pegar admirando o seu sono.
As
primeiras doenças da infância me renderam alguns cabelos brancos, as primeiras
quedas doíam mais em mim do que nela...
O
primeiro dia na escolinha trouxe outro significado para a palavra solidão. A
casa estava vazia e silenciosa demais. E ela ensaiava seus primeiros passos na
caminhada escolar.
Mas,
o tempo é como um rio que segue lentamente sem fazer alarde, quando você menos
espera ele tem levado o que agora a pouco estava aqui.
E
hoje olho para ela e é quase uma mocinha, um projeto de ser humano em
construção. Um projeto do qual eu me esforço para colocar os melhores materiais
possíveis, meus tijolinhos de respeito e honestidade, afinal sou também um
projeto em construção.
Com
ela aprendi que os filhos não estão aqui apenas para que nós possamos passar
ensinamentos para que eles possam seguir pela vida, somos abençoados com filhos
para que possamos aprender o que não sabemos.
Com
minhas filhas aprendi o que é generosidade, cedendo para ela o que era meu,
aprendi o que é paciência, aguentando o enchimento de saco que todo ser
pratica, ainda mais sendo criança.
Aprendi
o que é fé, quando ela adoecia e este era o meu recurso para acreditar em dias
melhores.
Aprendi
com minhas filhas o que realmente importa nesta vida é ter paz, pois este sim é
o mais precioso bem que uma pessoa pode ter.
Com
os filhos aprendemos o real significado do amor, o amor tão puro e verdadeiro do
qual Cristo nos ensinou.
Não
amamos um filho como a nós mesmos, amamos nossos filhos acima de nós mesmo.
Excedemos em amor e este é o tipo de exagero que só faz bem!
Olho
para ela e brinco dizendo que ela está muito velha e que isto não dá muito
certo, porque significa que eu estou ficando velha também, mas na verdade,
quando olho para ela crescida e praticando os valores que eu ensinei, não me
sinto velha, me sinto realizada.
A
cada passo certeiro que ela dá, o meu caminho também se traça.
Deus
nos presenteia com pequenas mudinhas, pingos de gente aos nossos cuidados, cabe
a nós zelarmos para que se tornem belas árvores e que possam também dar bons
frutos.
Luciene Linhares
18 de junho de 2014