Caçando piolhos no
lugar de pokémom
Há poucos instantes eu estava no Facebook com
uma amiga de infância, da qual passei anos sem ter contato, mas que pela
oportunidade das redes sociais nos reencontramos e embora divergirmos em muitos
assuntos, entre eles a visão religiosa que possuímos, nos damos muito bem,
conversamos sobre todos os assuntos e temos a delicadeza que só a educação e o
respeito é capaz de proporcionar as pessoas. Quando em uma discussão percebemos
que não mudaremos o pensamento uma da outra, simplesmente, admitimos a
diferença e mudamos de assunto, sem insistências desnecessárias que poderiam nos
levar a uma discussão mais acirrada e quem sabe até, a um desentendimento.
O conteúdo da conversa de hoje iniciou-se
quando postei uma foto na qual comparavam a caça de piolhos com a de pokémom
(este jogo que virou febre).
Minha amiga viu a postagem e através dela
fizemos uma viagem pelo passado e por tudo que nos fez tão felizes quando
crianças. Ela falou que a mãe dela tirava tudo com um pano branco e álcool,
este método eu desconhecia, pois minha mãe era mais de pente fino mesmo, ela
nos sentava no final da tarde no terraço da casa e começava a caça aos “Poképiolhos”
e não sossegava até não encontrar nenhum bichinho bandido de sangue.
O horário que minha mãe escolhia para caçar os “Poképiolhos”
coincidia com o meu momento de diversão que era o fim de tarde, antes do sol se
por, pois, tínhamos horários para sair e para voltar. e cumpríamos com exatidão
este horário pré estabelecido, na certeza de que a desobediência nos custaria a
perda da liberdade do outro dia ou mesmo uma chinelada das “boas”.
Minha amiga vivia esta mesma liberdade que nos
causa tanto saudosismo e foi pensando nisto que pudemos ver o quanto nossos
filhos perderam com o quanto nossos filhos perderam com a evolução tecnológica
e comunicacional. Isto sem falar no aumento da violência.
Nós não possuíamos celulares ou computadores,
mas nossa comunicação era intensa e feliz. Conhecíamos todos os nossos
vizinhos, nos divertíamos juntos, estourávamos os joelhos em quedas de
bicicleta e perdíamos a cabeça dos dedões nas pedras pelo meio do caminho, mas
não perdíamos a capacidade de levantar e recomeçar. Éramos mais felizes e livres
que as crianças de hoje.
É certo que a violência gerou essa gaiola para
nossos filhos, não podemos mais correr o risco de deixa-los andando de
bicicleta no final de tarde, porque na melhor das hipóteses eles ficarão sem a
bicicleta.
Os nossos filhos são como pássaros engaiolados
comparados a liberdade que possuiamos. Me pergunto até que ponto podemos
considerar “evolução” o que vivenciamos hoje em dia?
Deu até saudades dos piolhos! A gente deixa a
felicidade passar e só depois se dá conta que esteve frente a frente com ela!
Luciene Linhares
19 de Agosto de 2016
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