Culpa
e culpados, mas afinal a quem pertence o julgamento?
Há
mais ou menos dois anos eu estava voltando sozinha da faculdade e quando subia
uma rua meio deserta ouvi uma voz chamando:
-
Moça!
Olhei
já assustada porque já era tarde e a onda de assaltos era absurdamente grande
neste percurso ao qual eu tinha que passar. Não vi ninguém na rua exceto uma
prostituta que fazia ponto na esquina.
Na
verdade eu não acreditava que ela estava falando comigo, então chequei
visualmente a rua inteira e só havia nós duas, ela de um lado da rua e eu no
outro lado.
Parei,
olhei e ela insistiu:
-
É como você mesmo que estou falando! Venha aqui!
-
Hesitei por alguns instantes, confesso que movida metade preconceito, metade
medo. Mas, respirei fundo e atravessei a rua ao encontro da mulher.
Quando
me aproximei, ela puxou meu braço e falou baixinho:
-
Não suba a rua agora, na outra esquina tem dois ladrões esperando para roubar e
estão armados. Eu vi quando subiram combinando o próximo assalto. Fique aqui e
espere o pessoal da faculdade de enfermagem subir para que você possa subir
junto com eles.
-
Muito obrigada! – respondi, extremamente grata e envergonhada pela minha
atitude indigna.
Fiquei
ao seu lado no ponto por mais uns quinze minutos até que o pessoal começou a
subir e eu segui o meu destino, aliviada por não ter sido roubada, mas com a consciência
pesando toneladas de remorso por tamanha injustiça que eu havia cometido contra
aquela mulher que levava a vida como prostituta.
Logo
eu, que vivo pregando o não julgamento, o não preconceito...
Mas,
naquela rua escura todo sentimento ruim que havia em mim foi aflorado e eu a
julguei. Me arrependi profundamente e procuro, pois não sou perfeita, pensar
mil vezes antes de julgar. Tento ao máximo ver o lado do outro, mesmo que este
lado seja obscuro.
Eu
julguei pela aparência, me enganei e me arrependi!
Que
este relato possa servir para você que está lendo isso agora, nós julgamos
pelas aparências, pelo que consideramos certo e perfeito, mas nossa visão é
limitada, não enxergamos além, não enxergamos o que está no coração dos homens.
Mas, podemos nos esforçar para ver no outro a nós mesmo e com isto, agirmos com
mais compaixão.
Luciene
Linhares
15
de Janeiro de 2016
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