sábado, 12 de janeiro de 2019

EU QUERO MORRER DE AMOR




EU QUERO MORRER DE AMOR
Essa frase pode até parece bonitinha e romântica, mas ela não tem nada disso! Primeiro que ao decidir morrer de amor, você deixa de viver, para você e para a as demais pessoas que estão ao seu redor.
Quando você se permite morrer de amor por alguém, automaticamente você deixa de viver para o que realmente importa: Você!
E essa forma doentia de sentimento exacerbado, tende a levar as pessoas a caminhos sombrios e muitas vezes sem volta.
A pessoa fica cega e porque não dizer, burra! Porque vai de encontro aos seus instintos, aos conselhos de pessoas queridas e a própria realidade vivenciada. E por mais que o objeto de sua obsessão a faça mal, ela sempre vai encontrar uma justificativa para o erro da pessoa.
Essa semana em uma entrevista de emprego ao qual participei, tive a triste oportunidade de ouvir a história de uma mulher que literalmente morreu de amor. A moça que estava ao meu lado, contou-me com riqueza de detalhes como havia perdido a irmã para um “amor”.
Ela tinha apenas 35 anos, cinco filhos, um divórcio e muitas dificuldades financeiras, quando conheceu o que ela considerava “o amor de sua vida”, aquele que fazia dela a mulher mais feliz do mundo. Ele possuía uma característica comum a todos os cafajestes, “o dom de manipulação através de carinho, atenção e muita lábia”.
No inicio tudo foi maravilhoso, ela estava radiante! Até que sua irmã percebeu em seu braço uma mancha roxa estranha. E quando a questionou, ela falou que tinha caído quando tentava ajudar seu amor na carvoaria.
Na semana seguinte ela apareceu com arranhões e mais manchas roxas nas pernas e braços. A irmã começou a desconfiar do que estava acontecendo e novamente a questionou sobre os machucados e novamente ela mentiu dizendo que tinha caído num barranco quando vinha de moto da carvoaria.
Cinco dias depois, ela apareceu com uma mancha roxa na bochecha, e quando questionada, deu as mesmas desculpas esfarrapadas. A irmã não se deu por satisfeita, então aproveitou o horário em que ela estaria no trabalho e foi até a sua casa para tentar descobrir com os filhos dela o que realmente estava acontecendo.
Ao questionar a sobrinha, a menina mais de dezesseis anos falou tudo o que vinham passando. Disse que o “amor” da vida de sua mãe, a espancava juntamente com seus cinco filhos. Falou também que o conselho tutelar já tinha ido duas vezes na residência, mas que o agressor ameaça a todos de morte, caso falassem a verdade. Então, as crianças mentiam e tudo seguia como estava.
A mulher ao ouvir tudo aquilo ficou horrorizada e foi falar com a irmã. Dessa vez ela não tinha como mentir, pois os seus filhos haviam contado toda a verdade. Ela e seus filhos estavam sendo agredidos e ameaçados diariamente pelo canalha que ela considerava o “amor de sua vida”.
A mulher agredida começou a chorar e confessou que tudo havia começado com um simples empurrão, que ele era muito nervoso, porque trabalhava demais na carvoaria. Mas, que ela o amava demais para deixa-lo, mas que ele iria mudar. E que na verdade, a culpa por ele perder a paciência e agredi-la, era dela, pois ele era muito “bonito” e ela tinha muito ciúme, e reconhecia que o pressionava demais e que por isso ele a batia e as crianças apanhavam porque tentavam defende-la das agressões.
A mulher não acreditava no que estava ouvindo! Não conseguia acreditar como uma pessoa agredida, podia defender seu agressor. Justificando o comportamento dele pelo amor que sentia. Isso não era amor! Era doença e como tal, iria mata-la!
As duas mulheres discutiram e romperam a relação nesse dia. A irmã que era agredida, disse que não queria que ninguém se metesse em sua vida e que a partir daquele momento iria viver a sua vida e não queria ser interrompida. Mas, quinze dias depois, a vida dela foi interrompida por várias pauladas em sua própria casa. O seu “amor”, mandou seus filhos brincarem na casa da vizinha a pauladas, covardemente a matou.
A tarde chegou ao fim e as crianças retornaram para casa, encontrando sua mãe morta e desfigurada pelas pancadas.
A mulher que queria morrer de amor teve seus sonhos transformados em pesadelos. E o pior de tudo é que ela não conseguiu acordar a tempo para ver a diferença entre amor e doença.
O que a matou, não foi o amor, pois amor é vida, alegria e benção! O que a matou foi uma doença que acomete muitas mulheres e também homens, que se deixam subjugar pelos caprichos do outro. Baixa autoestima e a falsa sensação de que nunca encontrará alguém “tão especial quanto”, levam muitas pessoas a loucura da obsessão.
Amor é liberdade de querer estar junto. É não possuir e mesmo assim, ter o amor do outro. Posse ficou para objetos, não para pessoas. Pessoas não se doam, compartilham o que possuem de melhor com quem merece ter o seu melhor.
Se você está lendo isso agora e em algum momento se identificou com o que Socorro (a moça que foi assassinada) vivenciou, pule fora! Acorde, amiga! Não é só um empurrão! Não morra de amores por quem pode de fato tirar a sua vida!
Luciene Linhares
12 de Janeiro de 2019

Nenhum comentário:

Postar um comentário