O DIA EM QUE ME PERDOEI
Uma
das coisas mais difíceis pra mim é pregar o que não acredito, falar o que não
sinto, mentir para convencer...
Eu
tenho imensa dificuldade em perdoar!
E
por mais que eu tenha trabalhado minha mente quanto a isto, percebo que ainda
tenho muita dificuldade, MESMO, para perdoar. Quando alguém me magoa ou faz
algo comigo, eu fico remoendo a situação sobre vários ângulos. Guardo aquele
rancor por dias, meses e em alguns casos, por anos a fio...
Eu
não me orgulho disso nem um pouco!
Depois
eu evito todo e qualquer contato com a pessoa, para não dar a chance dela me
magoar novamente. Quando a vejo em algum lugar, sinto até um mal estar e
procuro o mais rápido possível, sair do ambiente no qual a mesma está.
Então,
eu percebi que a falta de perdão se estendia a minha própria pessoa! Percebi
que carrego mágoas e rancores por ter feito coisas das quais me trouxeram
sérias consequências. E também não me perdoou por não ter feito coisas que
fariam toda a diferença em minha vida num determinado momento
A
falta de perdão é uma ferida aberta que sangra ao toque da lembrança.
Quando
alguém nos magoa, temos a oportunidade de evitar o contato com a pessoa que nos
feriu. Mas, o que fazer quando somos essa pessoa para nós mesmos? Como conviver com os erros que cometemos ao
longo da vida e que se tornam feridas mal curadas?
Uma
pessoa que segue o blogue entrou em contato com esses questionamentos. Ela
falou que tinha cometido um erro, tinha corrigido, mas mesmo assim estava
infeliz porque não conseguia se perdoar. Não conseguia esquecer o seu próprio
erro e isso estava destruindo a vida dela.
Eu
fiquei alguns dias pensando na pessoa e no que ela estava sentindo...
Sou
grata por ela enxergar em mim, alguém que poderia trazer um conforto para uma
hora triste, então, estou aqui! Me esforçando ao máximo para poder ajuda-la. E
ao tentar fazer isso, eu percebi que também não me perdoei por tantas coisas,
então não proponho a minha amiga, um compromisso!
Que
possamos trabalhar esses sentimentos que não nos fazem bem. Que possamos com o
tempo enxergar em cada erro, o “acerto” daquele momento, pois era o que tínhamos
a oferecer naquele momento. Somos um conjunto de erros e acertos, não devemos
deixar que os nossos erros apaguem as nossas virtudes e muito menos a nossa
felicidade.
Não
posso dizer para ela fazer o que eu não consigo fazer, que é esquecer. Porque
os erros fazem parte de nós, do “nós” que ainda não estava preparado para fazer
o certo. Mas, esse “nós” se modifica a todo instante e isso é uma dádiva de
Deus, pois temos a oportunidade de corrigir e não repetir os erros. Temos a
oportunidade de erguer a cabeça para olhar no espelho e enxergar não um “ser
culpado”, mas uma pessoa em construção. Uma pessoa com valor imensurável e da
qual nos orgulhamos em ser. Porque só nós, sabemos as dores que já suportamos e
os caminhos que percorremos para estar aqui e agora.
O
erro não nos define. A nossa capacidade de enxergar as nossas virtudes, sim.
Quando
as lembranças fizer seu coração sangrar, afaste este pensamento ruim com todas
as suas forças e pense em tudo que ainda poderá modificar, viver, sonhar,
amar...
O
perdão vem através do entendimento de que precisávamos passar por aquela
determinada situação para desenvolver em nós, habilidades que não possuíamos.
Para que mesmo através de golpes dolorosos, nossos corações pudessem ser
transformados em amor, empatia, sabedoria e perdão.
Se
olharmos bem direitinho, veremos que até o pior dos nossos erros nos trouxe
ensinamentos preciosos e que por causa deles, HOJE somos seres MELHORES que
ontem. E nessa eterna construção e desconstrução do ser, nos fortalecemos e
seguimos na jornada.
Luciene
Linhares
22
de Janeiro de 2019
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