domingo, 22 de julho de 2012

Preenchendo os espaços vazios da alma com silicone




Preenchendo os espaços vazios da alma com silicone


 Minha vizinha tem dois lindos filhos, estes são a sua razão de viver, ela uma é moça jovem, pequena no estilho Mion, de olhos amendoados e tristes. Seu esposo, um cara fechado, mas muito apaixonado. Depois que teve os filhos, Daniela ficou com a barriga flácida e com estrias profundas, isto se tornou um motivo de infelicidade para ela. Daniela não ia mais a praia desde que seu corpo tomou esta nova forma, e com isto não só os biquínis a deixaram, mas também a sua vaidade como mulher. Observando as queixas e anseios de Daniela, Jurandir o seu marido, fez uma poupança escondido e no dia do aniversário dela, a presenteou com uma abdominoplastia.
             Daniela iluminou-se com a notícia do presente, pulou de alegria pela casa e deu prosseguimento a todo o processo cirúrgico. A cirurgia foi um sucesso, fui visita-la no hospital e mesmo debilitada e sentindo muitas dores, seu sorriso não a abandonava. Ela era só sonhos e alegria. O marido todo orgulhoso, não saía um instante do quarto, ele olhava para ela maravilhado, reconhecendo a menina com quem se casou, pois a felicidade que dela emanava a fez rejuvenescer.
            Retirei-me do hospital pensando em Daniela, em seu sorriso, na dedicação do marido, mas principalmente na diferença que alguns procedimentos estéticos causam, na autoestima de uma pessoa.
              Botox, lipoescultura, drenagem linfática, silicone na bunda e nos peitos...
              Infinitas formas de preenchimento do corpo ou da alma?
             Acredito que os dois.
             Não crítico as mulheres que corajosamente buscam tais procedimentos, na verdade, até as admiro e respeito, pois mostram que mesmo infelizes, buscam o preenchimento de sua tristeza de alguma, forma. O ócio é o pior dos pecados. Ficar parado diante do que te faz infeliz é a prisão mais assustadora que há. É morrer aos poucos, fingindo viver.
            Atirar pedras é muito fácil, qualificar como fútil e fugaz isso todo mundo faz. Difícil é encarar um bisturi cirúrgico com todos os riscos possíveis e as dores do pós. E mesmo assim sorri linda e feliz!
            Estamos aqui para melhorar tudo em nós e ao nosso redor, ser feliz é a busca constante, uns a encontram num pote de sorvete, outros, num bisturi cirúrgico. Quem poderá julgar?



 Conversa de Passarinho

22 de Julho de 2012


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